19/06/2014

Motoristas e cobradores de vans iniciam greve na Capital

Image-0-Artigo-1640008-1Quem depende do transporte alternativo em Fortaleza foi surpreendido, na manhã de ontem, com a greve dos motoristas e cobradores de vans. Os profissionais reclamam da falta de pagamento de horas extras, não depósito do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), desconto de faltas indevidas, não cumprimento da NR 24 - que trata das condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho -, não cumprimento do descanso semanal, assédio moral, atrasos recorrentes no pagamento da quinzena, entre outros pontos.
"Estamos em greve por causa das várias irregularidades que a empresa vem cometendo, descumprindo o acordo coletivo feito com a categoria. Pelo menos 40% dos carros da empresa estão sucateados, sem condições de rodar. Nos finais de linha não tem água potável e nem banheiros limpos. Estamos pedindo condições mínimas para o trabalhador fazer o seu trabalho dignamente", ressalta José Cláudio Soares, um dos diretores do Sindicato dos Empregados em Transporte Alternativo de Fortaleza (Sintraafor).
Conforme o sindicalista, a categoria é formada por cerca de 1.200 funcionários, entre motoristas e cobradores. Já a frota é composta por 320 vans, distribuídas em 16 linhas. Soares alerta que os trabalhadores não irão retornar às atividades até que a Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Ceará (Cootraps) convoque a categoria para negociar.
A greve foi decretada em assembleia geral realizada no último sábado (14). A decisão era de que a paralisação teria início no dia 17 de junho, data do jogo entre Brasil e México, em Fortaleza. Contudo, os trabalhadores foram convocados para uma nova rodada de negociações, dessa vez mediada pelo Ministério Público do Trabalho, na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª Região.
Na ocasião, as entidades empresariais teriam alegado que houve mudança na gestão há cerca de dois meses, mas que a nova diretoria estaria tentando solucionar os problemas existentes. Garantiram, ainda, que o canal de negociação com os trabalhadores não estaria fechado e que a dívida com o INSS já estaria negociada e seria feita de forma parcelada. Asseguram que a questão salarial está em dia, com atraso de apenas 30, dos mais de mil funcionários que a empresa possui. O acordado é que os salários pendentes seria pagos ontem, o que não aconteceu.
Atraso
A cobradora Renata de Sousa, 26, é uma das que não recebeu a última quinzena, que deveria ter sido paga no último dia 15. "A gente liga para perguntar, eles dizem que já depositaram, mas até agora nada. Todo mês é a mesma coisa, as quinzenas atrasam. Eles sempre pagam com de atraso. Nós temos contas para pagar, isso é um desrespeito".
O Sintraafor afirma que está garantindo os 30% de funcionamento da frota e que a população foi devidamente informada da paralisação da categoria. Conforme Soares, panfletos foram distribuídos nas vans para que a população tomasse conhecimento da pauta de reivindicações dos trabalhadores. Além disso, a Cootraps teria sido comunicada da paralisação, o que foi noticiado em edital publicado em um jornal de grande circulação.
"Tudo é falta. Os carros não têm condições de trabalho, descontam faltas indevidas, atrasam salários. Se alguém adoecer não pode recorrer ao INSS, porque eles não estão pagando. Descontam do salário, mas não depositam na conta do INSS. É muito descaso com os trabalhadores", denuncia a cobradora Siulene Prudêncio da Silva, 35.
Através da assessoria de imprensa, a Cootraps afirma que a greve de ontem, além de ilegal, comprometeu a população. A Cooperativa afirma que o sindicato não cumpriu a quantia mínima de 30% de funcionamento da frota e reforça que todos os pagamentos atrasados foram feitos ontem. Ainda pela manhã, a Cootraps deu entrada no pedido de ilegalidade da greve.
"A nossa ideia é que, nesta quinta-feira (19), as vans estejam circulando normalmente em Fortaleza", frisa a assessoria de imprensa. Em relação às condições precárias dos veículos, a Cooperativa esclarece que no ano passado 15 novos carros foram comprados, custando um investimento de R$ 3 milhões.
Para evitar que a população ficasse desassistida, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) colocou 100 ônibus à disposição. Eles estão funcionando para suprir a demanda das 20 linhas de vans, fazendo o mesmo trajeto. Usuários do transporte coletivo deverão ficar atentos ao painel, que trazem o nome e o número das vans.
Luana Lima
Repórter
Diário do Nordeste

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