“Hoje tem capoeira/ No
toque da viola chega pra roda / E vamos jogar”, convida a canção
composta por Mestre Olho de Gato. Ao som do berimbau, Fortaleza recebe
hoje a primeira edição do Festival Internacional Viva Capoeira Viva. O
evento segue até sábado, 26, e reúne apresentações, debates, oficinas e
vivências de manifestações afro-brasileiras. A programação contemplará
diversos pontos culturais da cidade e contará com a presença de mestres e
capoeiristas de todo o Ceará, além de convidados de outros estados e
países.
“É um evento cultural em que o foco principal é
capacitar e fomentar uma discussão sobre a cultura afro-brasileira em
Fortaleza. Promover um debate que traga algo além do aspecto atlético do
jogo, suas questões históricas e a capoeira como vivência”, afirma
Luciano Hebert, corda marrom do Grupo Capoeira Brasil e coordenador do
evento.
Com elementos de dança, luta, música, jogo, arte e
folclore, a capoeira se configura como uma manifestação cultural
brasileira surgida nos tempos da escravidão. O que a distingue da
maioria das outras artes marciais é a musicalidade presente no jogo. As
músicas entoadas cantam temas como o cotidiano dos escravos, o
sofrimento vivido nas grades fazendas da colônia e os ideais de
liberdade. “Eu pareço andorinha querendo fazer verão, uma gota de água
doce querendo ser ribeirão, uma semente caída querendo ser plantação”.
Debate com Ginga
A
abertura do evento nesta segunda será o “Debate com Ginga”, o programa é
desenvolvido mensalmente no Dragão do Mar e desta vez debaterá o tema
“Heranças Africanas”. Haverá a participação do Formado Atabaque, corda
preta do Grupo Capoeira Brasil; William Pereira, presidente da
Associação Nação Iracema; Lúcia Simão, fundadora do Movimento Negro no
Ceará e Lairton Guedes, presidente da Associação Txai Cultura e Arte.
Além disso, a abertura terá vivências em Maracatu, com José Maria de
Paula e Henrique Rocha; e de dança com a bailarina Lidiane Spinosa.
Haverá
ainda a apresentação do espetáculo InGaiola: Da fechadura à asa, com
direção e concepção da bailarina Dayane Ferreira, no Teatro Antonieta
Noronha. O encerramento do Festival com a Batucada de Bambas. O som terá
intervenções de capoeira e maculelê.
Os capoeiristas
“Há
um tempo eu me afastei um pouco da capoeira e percebi que ela nunca se
afastou de mim. Nunca deixei de respeitar uma roda de jogo e um berimbau
tocando, por exemplo”, relembra Gleydson Moreira, integrante do Grupo
Capoeira Brasil. Ele garante presença no evento a afirma estar ansioso
para o Festival.
Para Cris Cysne, a mostra “é uma
importante oportunidade de vivência”. Segundo ela, quem faz capoeira é
movido por paixão. “Você encontra um retorno e a capoeira nunca lhe
abandona. Isso é o mais fascinante. A gente desenvolve conhecimento
cultural, histórico, sobre o folclore, sobre nossas raízes, além do
companheirismo e convívio em grupo. A capoeira faz parte da minha vida”,
conclui.
PROGRAMAÇÃO
21/07
19 horas - Debate com Ginga sobre Heranças Africanas
Palestrantes: Formado Atabaque, William Pereira, Lúcia Simão e Lairton Guedes.
Vivências: Maracatu com José Maria de Paula e Henrique Rocha e de Dança com Lidiane Spinosa.
Local: Auditório do Centro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema)
22/07
19 horas - Curso de capoeira com Mestre Kim e Mestre Marcão
Local: Escola São Rafael (Rua dos Tabajaras, 224, Praia de Iracema)
23/07
19 horas - Curso de capoeira com Mestre Peninha e Mestre Piolho
Local: Escola São Rafael
24/07
19 horas - Batizado e troca de cordas infantil
Local: Escola João de Freitas Ramos (Rua Olho Dágua, 2123, Eusébio - Estrada do Fio)
25/07
19 horas - Espetáculo Ingaiola e batizado adulto
Local: Teatro Antonieta Noronha (Rua Pereira Filgueiras, 04, Centro)
26/07
14 horas - Vivências de capoeira com o Mestre Luiz Renato e Mestre Cibriba
Continuação da Vivência com Mestre Luiz Renato + Oficina de iniciação ao canto com Adread Jó
Local: Escola São Rafael
20 horas - Batucada de Bambas, roda de capoeira e maculelê
Local: Rua dos Tabajaras, 374, Praia de Iracema
Valores:
Entrada franca: dias 21, 24 e 25
Cursos: R$ 30 por dia
Sábado: R$ 30 o turno; R$ 60 o dia.
Batucada de Bambas: R$ 10
Pacote completo: R$ 100
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2014/07/21/noticiasjornalvidaearte,3285007/seis-dias-para-debater-e-gingar.shtml
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