No segundo dia de reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) ampliado, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos ouviram a palestra do padre Mário de França Miranda, doutor em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Padre Mário retomou as linhas principais da exortação apostólica do papa Francisco, Evangelli Gaudium, confrontando o discurso do pontífice com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB. O palestrante procurou apontar a mudança que está acontecendo na Igreja atualmente, sobretudo a partir do pontificado de Francisco, suas orientações sobre a caminhada da Igreja e da forma como ele tem acolhido as transformações. O sacerdote falou sobre uma presença maior do Espírito Santo na vida da Igreja e sobre a sinodalidade, que seria uma Igreja com mais comunhão e participação de todos.
Retomando os discursos de Francisco, padre Mário lembrou a ideia da opção pelos pobres, mas em uma ótica de ações concretas como, acredita ele, insiste o papa. “Lembrando que o termo ‘pobres’ aqui é uma palavra genérica, para todos os que estão do pior lado de uma sociedade que produz desigualdades”, alertou.
Para o futuro da Igreja, o teólogo defende uma participação ainda maior do laicato. “Não vejo saída pra Igreja a não ser por meio do da força dos leigos e leigas na obra da evangelização. Creio que daqui para frente é impossível uma evangelização eficaz sem eles. A sociedade é muito complexa, com setores até desconhecidos por responsáveis religiosos, mas onde os leigos vivem sua fé e podem ser agentes dessa evangelização”, declarou o padre, para defender em seguida uma entidade menos clerical e mais participativa de todos, com outros setores.
Ainda na opinião do sacerdote, a missão é o grande sentido da Igreja. “Ser cristão é, sobretudo, estar ativo na obra da evangelização. Você passa a trabalhar nessa obra a partir do momento do batismo. Essa consciência havia desaparecido um pouco, mas hoje está sendo fortemente retomada”. Segundo ele, a Igreja está vivendo um processo de recuperação, para corrigir essa falha de mais de mil anos, desde o Concílio Vaticano II, para retomar o que há de mais autêntico do cristianismo. “Por isso, o futuro é uma época de grande oportunidade e fecundidade”, vislumbra padre Mário.
O sacerdote acredita que a CNBB tem procurado responder aos pedidos do papa e que a América Latina, de modo geral, dá não apenas um forte recado ao resto do mundo, mas um convite para a caminhada da Igreja, por uma religião mais concreta e mais sensível ao sofrimento humano. “Às vezes o contexto europeu limita a compreensão do que se passa em outras regiões. Isso é normal, por conta da nossa chave de leitura. Mas o papa é ousado, diz ‘para que não tenhamos medo, sermos criativo’, e isso tem um peso enorme”, conclui.
CNBB
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