27/08/2014

Exortação apostólica orienta atualização das Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil

No segundo dia de reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) ampliado, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos ouviram a palestra do padre Mário de França Miranda, doutor em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Padre Mário retomou as linhas principais da exortação apostólica do papa Francisco, Evangelli Gaudium, confrontando o discurso do pontífice com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB. O palestrante procurou apontar a mudança que está acontecendo na Igreja atualmente, sobretudo a partir do pontificado de Francisco, suas orientações sobre a caminhada da Igreja e da forma como ele tem acolhido as transformações. O  sacerdote falou sobre uma presença maior do Espírito Santo na vida da Igreja e sobre a sinodalidade, que seria uma Igreja com mais comunhão e participação de todos.
Retomando os discursos de Francisco, padre Mário lembrou a ideia da opção pelos pobres, mas em uma ótica de ações concretas como, acredita ele, insiste o papa. “Lembrando que o termo ‘pobres’ aqui é uma palavra genérica, para todos os que estão do pior lado de uma sociedade que produz desigualdades”, alertou.
Para o futuro da Igreja, o teólogo defende uma participação ainda maior do laicato. “Não vejo saída pra Igreja a não ser por meio do da força dos leigos e leigas na obra da evangelização. Creio que daqui para frente é impossível uma evangelização eficaz sem eles. A sociedade é muito complexa, com setores até desconhecidos por responsáveis religiosos, mas onde os leigos vivem sua fé e podem ser agentes dessa evangelização”, declarou o padre, para defender em seguida uma entidade menos clerical e mais participativa de todos, com outros setores.
Ainda na opinião do sacerdote, a missão é o grande sentido da Igreja. “Ser cristão é, sobretudo, estar ativo na obra da evangelização. Você passa a trabalhar nessa obra a partir do momento do batismo. Essa consciência havia desaparecido um pouco, mas hoje está sendo fortemente retomada”. Segundo ele, a Igreja está vivendo um processo de recuperação, para corrigir essa falha de mais de mil anos, desde o Concílio Vaticano II, para retomar o que há de mais autêntico do cristianismo. “Por isso, o futuro é uma época de grande oportunidade e fecundidade”, vislumbra padre Mário.
O sacerdote acredita que a CNBB tem procurado responder aos pedidos do papa e que a América Latina, de modo geral, dá não apenas um forte recado ao resto do mundo, mas um convite para a caminhada da Igreja, por uma religião mais concreta e mais sensível ao sofrimento humano. “Às vezes o contexto europeu limita a compreensão do que se passa em outras regiões. Isso é normal, por conta da nossa chave de leitura. Mas o papa é ousado, diz ‘para que não tenhamos medo, sermos criativo’, e isso tem um peso enorme”, conclui.
 CNBB

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