Rapaz reclamou de blitz em Sarandi e, um dia depois, foi preso no trabalho.
Comissão de Direitos Humanos condenou a ação: 'Abusiva e humilhante'.
Algumas horas depois do comentário, um policial militar comentou no
mesmo post, citando a prisão do rapaz, feita no local de trabalho dele.
"Uma equipe de policiais foi até a empresa onde [...] trabalha no
Parque Industrial e o deteve, em seguida, algemado o encaminhou até a
Delegacia de Policia de Sarandi. [...] tem 33 anos, é casado e pai de
dois filhos. Os policiais continuarão investigando outras pessoas, a fim
de localizar e identificar, que fizeram comentários na página sobre a
atuação da PM", dizia a mensagem.
Para o comandante da 4ª Companhia de Polícia Militar de Sarandi,
capitão Luciano Mazeto, o homem fez comentários que prejudicaram o
policial, já que citou o nome dele e o imputou o crime de abuso de
autoridade.
'Cometi o erro de emitir minha opinião', diz o
homem preso. (Foto: Agnaldo Vieira/Manchete)
homem preso. (Foto: Agnaldo Vieira/Manchete)
"Vai muito da interpretação, mas o rapaz pode ser enquadrado no crime
de difamação, por ele ter citado o nome do policial. Ele o imputou a
prática do crime de abuso de autoridade. Isso também pode ser
considerado calúnia", explicou o comandante.
Segundo Mazeto, a prisão era necessária. "É um crime contra a honra do
policial. Ele se sentiu ofendido e prejudicado. Nós, então,
identificamos o suspeito, fomos até onde ele estava e, como é
procedimento normal, encaminhamos para a delegacia", afirmou o capitão.
Lima prestou depoimento na delegacia e, pouco depois, foi liberado,
ainda nesta sexta-feira. "Para mim, a blitz se faz necessária, mas,
talvez, eu não escrevi certo. O que acho é que, às vezes, naquele
horário [a blitz foi feita no fim da tarde], pode acontecer de pegar
muita gente que está trabalhando. Devido à situação de hoje no país, não
é todo trabalhador que tem 800, 900 reais para manter o carro em dia.
Foi só o que quis dizer. Eu respeito muito o trabalho de todo mundo,
inclusive o dos policiais. Eu sou um cidadão de bem, não ofendi ninguém.
Só cometi o erro de emitir minha opinião", defendeu-se, na saída da
delegacia.
O presidente da Comissão de Diretos Humanos da OAB Maringá, Fulvio
Stadler Kaipers, considera a prática abusiva e humilhante. Para ele, não
cabia prisão ao homem, na ocasião. "Não cabe prisão neste caso. Os
crimes de calúnia e de injúria têm pena mínima, em regime aberto. Mesmo
que o comentário tenha sido injurioso, há um procedimento, que passa
pelo Poder Judiciário. Os policiais fizeram isso para humilhar um
cidadão de bem, apenas", ponderou.
Segundo Kaipers, Lima pode representar contra o policial pelo crime de
abuso de autoridade. "O rapaz pode procurar um advogado e ir atrás de
seus direitos, já que foi humilhado. Toda vez que um policial age de
forma violento, deve ser coibido. Estamos expondo nosso cidadão de bem",
explicou.
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