Padre Geovane
Saraiva*
A Igreja prepara-se
agora para recordar os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus. Isto
significa, sobretudo, penetrar no mistério indizível da bondade de Deus e dos
desígnios da providência divina, no sentido de dizer um muito obrigado pela dádiva
de uma lição gratuita de humanismo, sem jamais esquecer de seus dotes
literários, bem como de sua mais alta psicologia e pedagogia, a causar enorme
influência no conhecimento e sabedoria da criatura humana. Penso que o Quinto
Centenário da reformadora e renovadora, seja um tempo de profunda graça
interior, no qual a Igreja é chamada a reavivar o dom do fervor e do ardor na
vida contemplativa, espiritual, pastoral e no anúncio do Evangelho.
Trata-se de uma
grande festa de ação de graças pelo dom da mística de Teresa D’Ávila,
totalmente ofertado à Igreja, numa figura humana marcada pela graça da
santidade, tão inteligente e capaz, a ponto de reformar e renovar o interior da
Igreja, consciente de que a mesma, embora na sonhada busca pela perfeição,
pureza e lisura, é uma Igreja santa e pecadora, sempre necessitada de
conversão. Ela buscava incessantemente a vida interior, a qual tão bem
descreveu como um castelo de sete moradas, no qual Deus habita no mais alto
nível. Neste sentido, assim rezava: “Nada te perturbe. Nada te amedronte. Tudo
passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta.
Só Deus basta!”
Diante de uma
criatura humana exemplar e referencial atemporal como Teresa D’Ávila, um
verdadeiro milagre do inefável mistério de Deus, falta-nos a palavra perfeita
para expressar o significado dessa preparação para a completude de seus 500
anos de existência (1515-2015). Não tenho dúvida alguma tratar-se de uma mulher
fortemente imbuída do Espírito de Deus, assim percebo o interior de nossa irmã
D'Ávila: “Como a corça que suspira pelas águas da torrente, assim minha alma
suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus vivo” (cf. Sl 42, 1). Suas
belíssimas reflexões nos fazem pensar que temos tudo o que precisamos à mão,
agora mesmo, para realizar o projeto de Deus: “O Senhor não olha
tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas”. Santa Teresa também
nos indaga sobre a superficialidade de nossos sentimentos: “O verdadeiro
humilde sempre duvida das próprias virtudes e considera mais seguras as que vê
no próximo”.
Como é maravilhoso
comemorar os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus em um conjunto de
iniciativas de âmbito espiritual e cultural, com exposições, cursos e
peregrinações. O Papa Francisco concedeu a graça da sua bênção a todos os fiéis
que “verdadeiramente arrependidos e movidos pela caridade” assistam aos Rituais
Sagrados em datas específicas, a saber: Início do Ano Jubilar, a 15 de outubro
de 2014; no dia de Natal, 25 de dezembro; e em 2015, no aniversário do
nascimento de Santa Teresa de Jesus, dia 28 de março; no dia de Páscoa, a 5 de
abril, e no encerramento do Ano Jubilar a 15 de outubro de 2015. Mais ainda, o
Papa Francisco decretou um Ano Jubilar por ocasião do Quinto Centenário do
nascimento daquela que afirmou: “Senhor, sou uma filha da vossa Igreja e como
filha da Igreja Católica quero morrer”; sendo considerada fundadora dos
Carmelitas Descalços juntamente com São João da Cruz. Bendito seja Deus por
suas santas criaturas!
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