Portugal e a Diocese de Beja foram escolhidos este ano para a elaboração do presépio que vai animar a quadra natalícia no Santuário de Fourvière, na cidade francesa de Lyon.
A inauguração deste projeto, que vai colocar a cultura alentejana em destaque “num dos santuários mais importantes da Europa”, todos os anos visitado por milhões de peregrinos e turistas, está marcada para este sábado.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja adiantou que a cerimónia vai ser presidida pelo cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon e primaz de França.
Contará ainda com a participação das autoridades oficial e de muitos visitantes, dado que esta é já uma tradição muito enraizada no tempo de Natal e que começa a ganhar forma ainda no Advento.
José António Falcão destaca a honra que foi atribuída ao país e em particular ao povo alentejano, uma vez que esta iniciativa é alvo, todos os anos, de uma “renhida disputa entre vários países”.
Por outro lado, realça o historiador, esta é também uma oportunidade única do Alentejo dar a conhecer os seus tesouros artísticos e religiosos.
No total, o presépio português em Lyon vai ser constituído por “cerca de 300 figuras”, a maior parte proveniente do espólio de “famílias locais, do Baixo Alentejo”.
A construção, de acordo com o diretor do DPHA da Diocese de Beja, vai ter cerca de três metros de altura e recriar “a forma de um outeiro”, um tipo de relevo caraterístico do território alentejano.
Nela os peregrinos, visitantes e turistas poderão contactar com os diversos “motivos caraterísticos do quotidiano alentejano” e do interior do país, desde as “grutas, fontes e rebanhos aos moinhos, searas e montes (as típicas herdades alentejanas), e ainda uma banda.
Para colocar todas as figuras e os materiais necessários em caixas, para seguirem viagem para França, o DPHA da Diocese de Beja contou com a colaboração de mais de uma centena de voluntários.
A montagem final começou na última quarta-feira, com 10 elementos a trabalharem em contra-relógio para a inauguração de sábado.
José António Falcão enaltece ainda o facto deste projeto permitir salvaguardar uma tradição que se vinha perdendo “há algumas décadas”.
“Uma iniciativa como esta, que parte do seio da sociedade civil e aglutina muitos amigos do património da Diocese de Beja, representa um sinal de vitalidade da arte sacra alentejana, mas alerta para uma tradição prestes a extinguir-se, adulterada pela metamorfose consumista do Natal, algo que põe em causa a sua dimensão mais íntima, comunitária e familiar”, complementa.
O cante alentejano, recentemente distinguido pela UNESCO como património imaterial da Humanidade, também vai ter lugar de destaque em Lyon, adianta a Diocese de Beja.
“Colóquios, gastronomia, música e contactos com instituições locais e regionais completam um ciclo de actividades que volta a colocar Portugal no âmago da Europa”, salienta um comunicado da Igreja Católica alentejana.
JCP
Agência Ecclesia
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