Reitman, diretor sensível de filmes como “Juno” e “Amor sem Escalas”, explora a selva aberta pela internet.
Por Neusa Barbosa, do Cineweb
O efeito vertiginoso da Internet nas relações humanas é o fio condutor do drama “Homens, Mulheres e Filhos”, em que o diretor Jason Reitman tenta amarrar as conexões entre um grupo de moradores de classe média de um subúrbio texano.
Don (Adam Sandler) e seu filho Chris (Travis Tope) nem imaginam o quanto têm em comum. A partir de um mesmo computador, ambos satisfazem uma curiosidade mórbida por pornografia online, com o pai seguindo pela manhã as pistas dos sites acessados pelo filho à noite.
O casamento de Don e Helen (Rosemarie DeWitt), aliás, depois de alguns anos, está atolado no mais completo marasmo. Ela também vai descobrir por si mesma alguns sites de encontros.
Apavorada com os perigos da Internet, Patricia (Jennifer Garner) exerce uma vigilância neurótica sobre o computador e o celular da filha, Brandy (Kaitlyn Dever), sem saber que ela mantém uma conta secreta de Tumblr que lhe permite respirar um pouco.
É por aí que ela se comunica com Tim (Ansel Elgort), garoto que abandonou uma promissora carreira esportiva, para desespero do pai (Dean Norris), e agora sacia suas emoções virtualmente.
A ligação afetuosa entre Brandy e Tim, que é mantida em segredo por conta da neurose da mãe dela, é o ponto alto do filme. Aí se refugiam os sentimentos mais autênticos, assim como, em determinado momento, ocorre entre o casal em crise Don e Helen – também por conta do talento de seus intérpretes. Quando abandona as comédias abobadas que lhe dão tanta notoriedade, Sandler mostra que dá conta de muito, muito mais.
Outras histórias, como a de Hannah (Olivia Crocichia) e sua mãe (Judy Greer), obcecadas por uma carreira de modelo para a menina, e a da anoréxica Allison (Elena Kampouris) abrem outras vertentes para discussão sobre as neuroses da época contemporânea, sem o mesmo acerto de tom do outro núcleo.
É normal a dispersão quando se tenta dar conta de tantos assuntos, tantos personagens, mesmo sem sair de um universo familiar – as dificuldades amorosas de solteiros trintões, por exemplo, estão fora do alcance deste filme.
Em todo caso, vale a tentativa de Reitman, diretor sensível de filmes como “Juno” e “Amor sem Escalas”, de procurar explorar a selva aberta pela Internet, sem procurar, felizmente, defender que o ser humano mudou tanto assim depois de sua aparição.
Afinal, muito antes dela já havia solidão, desencontro amoroso e fixações de vários tipos. Mas, de repente, a expressão de tudo isso parece que ficou mais complicada, quem sabe.
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