Uma centena de jovens brasileiros, com poucos recursos, aprendem
a ser líderes nas trilhas de Compostela.
Pelo menos os melhores dos cerca de 2.000 que se inscreveram no Brasília Sem Fronteiras, um projeto do Distrito Federal. Os ganhadores receberam uma bolsa que inclui a viagem e um mês de estadia na Galícia, incluindo o Curso ministrado pela Universidade de Santiago (USC), além de 600 euros (1.770 reais) para seus gastos. O curso é de Língua e Cultura Espanhola, Empreendimento e Liderança. “Queremos que façam uma imersão na língua e cultura espanholas, mas também queremos formar líderes”, disse Luciano Helou Ramos, responsável pelo projeto brasileiro.
Mergulham, então, pela manhã no estudo do idioma castelhano e de tarde submergem no mundo empresarial, em grandes corporações como a Inditex ou a Autoridade Portuária de Vigo, mas também empresas mais ligadas ao lugar, como as adegas Martín Códax e até artesanais, como a Granxa Maruxa, fabricante de biscoitos, ou a Arqueixal, de queijos. “Os garotos se surpreendem com a diversidade cultural e empresarial que existe na Espanha. Ficaram impressionados com a Inditex, mas também com a história de gente que volta para a região de onde saiu, para fazer produtos mais próximos, não pensados para todo o mundo. Nos perguntamos por que não fazer o mesmo no Brasil, onde as fazendas são como fábricas de trigo ou carne”, pergunta-se Luciano Helou.
Oportunidade de crescer
Até as visitas turísticas são “armadilhas” pedagógicas: a ilha de Sálvora foi o cenário de uma oficina de liderança. E o Caminho de Santiago é um óbvio desafio de superação pessoal. “Normalmente não temos alunos tão jovens, nem deste estrato social, costumam ser universitários de nível médio alto. Os professores se surpreenderam com a atenção que eles prestam durante as aulas. Já os garotos, ficam espantados que se possa ir andando para todos os lugares, com a arquitetura, com os monumentos. Alguns choraram de emoção ao ver a catedral”, resume Lanzada Calatayud, gerente de Cursos Internacionais da USC, a universidade escolhida entre 40 opções como sede do Brasília Sem Fronteiras.
Derek Sousa Flores é um dos que não haviam saído de sua cidade e não tem muita pressa em voltar. “Ficaria aqui mais tempo, porque sei que é uma grande oportunidade para crescer”, diz o garoto de 17 anos, que afirma ser testemunha de Jeová e ter vocação de professor. De fato, gostou muito de conhecer o mar, mas também das aulas sobre as empresas. Ana Gabriela Souza Furtado tem 16 anos – “ainda não sei o que farei, talvez Direito, com especialização em gestão ambiental” – e teve duas surpresas. “Vimos uma peça de teatro do grupo Chévere, em galego, e entendíamos tudo, apenas algumas palavras eram diferentes. E antes de vir, pensava que os espanhóis eram muito sérios e que teríamos dificuldades para lidar com eles, mas são muito amáveis e ‘riquiños’ (palavra galega que significa encantador, adorável). É assim que se diz, não?”.
Pelas trilhas de Santiago de Compostela. Veja o vídeo:
http://goo.gl/VYorZn
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