15/01/2015

Charlie Hebdo: brasileiros fazem homenagem


Em encontro, nomes como Ziraldo, Jaguar e Miguel Paiva lembraram


colegas mortos em atentado.




Os cartunistas e demais jornalistas mortos na redação do jornal Charlie Hebdo, no último dia 7, foram homenageados nessa quarta-feira (14) por colegas brasileiros. Durante um encontro que reuniu nomes como Ziraldo, Jaguar, Miguel Paiva e o humorista Marcelo Madureira, os profissionais franceses foram lembrados e todos defenderam a liberdade de expressão como valor inegociável.O cartunista Jaguar, que se notabilizou pelos traços críticos durante a ditadura militar, disse que não se pode conter o humor e classificou o que aconteceu em Paris como uma guerra. “Nós estamos em guerra e temos que pegar pesado contra esses malucos fundamentalistas e terroristas”, disse Jaguar, que comparou o atentado com a época em que os militares matavam e torturavam no Brasil. “Não faz diferença os milicos que mataram e torturam durante a ditadura e esses fundamentalistas que acham que matar é a solução”.

Jaguar lembrou, porém, que a França tem responsabilidades com os povos muçulmanos, pelo seu passado colonialista na África, principalmente na Argélia. O cartunista exibiu uma charge mostrando Deus em diálogo com Maomé, o que é considerado ofensivo pelos muçulmanos, pois os princípios islâmicos proíbem a representação humana de Maomé.


O desenhista Ziraldo disse que o motivo do encontro era a preocupação das pessoas com o tempo atual. “A gente tem que se mobilizar. Alguma coisa tem que ocorrer na sociedade para sabermos como enfrentar essa epidemia, mais perigosa que o ebola, que é o terror. Temos que descobrir como ganhar essa guerra”, propôs Ziraldo.


A homenagem foi organizada pelo Instituto Casa Grande, presidido pelo ex-senador e ex-prefeito do Rio Saturnino Braga, político ligado a partidos de esquerda, que lutou contra a ditadura militar. “Há um movimento no mundo todo de solidariedade ao povo francês e repúdio a esse ato. Não foi só contra a liberdade de imprensa ou contra a França. Atingiu o ser humano, as liberdades essenciais da vida. Vivemos um tempo sombrio, porque não se sabe o desenrolar disso”, assinalou.


“Há uma guerra no Oriente Médio que tem repercussões no mundo inteiro, porque entra a dimensão religiosa e uma história de opressão que o Ocidente cometeu em cima daqueles povos e que gera uma reação política. Nós queremos é que tudo isso não degenere em uma guerra de maior proporção. Que se busque a paz e o entendimento”, pediu Saturnino.



Agência Brasil


http://goo.gl/7TFEgz

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