22/03/2015

Agora é a hora de agir contra crise da água

O desperdício de água é tão grande que o mundo irá enfrentar um


“déficit global da água” de 40% em 2030.





Sem mudanças, o mundo irá mergulhar numa crise hídrica que pode ser incapacitante para os países quentes e secos – alertou a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira.


Em um relatório anual, a ONU afirmou que o desperdício de água é tão grande atualmente, que o mundo irá enfrentar um “déficit global da água” de 40% em 2030 – a diferença entre a demanda e a reposição da água.


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“O fato é que há água suficiente para satisfazer as necessidades do mundo, mas não sem mudar drasticamente a forma como a água é utilizada, gerenciada e compartilhada”, disse a ONU em seu relatório anual sobre o Desenvolvimento Mundial da Água.


“Mensurabilidade, acompanhamento e execução” são urgentemente necessárias para fazer uso sustentável da água, afirmou Michel Jarraud, chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para a água.


O crescimento desenfreado da população é um dos maiores impulsionadores da futura crise, disse o relatório.


O atual número de cerca de 7,3 bilhões de seres humanos da Terra aumenta por volta de 80 milhões ao ano, atingindo a provável marca de 9,1 bilhões até 2050.


Para alimentar essas bocas a mais, a agricultura, que já responde por cerca de 70 por cento de todas as retiradas de água, terá de aumentar a produção em cerca de 60 por cento.


A mudança do clima – que irá depender de quando, onde e como a chuva vier no nosso caminho – e a urbanização irão impulsionar a futura crise.


O relatório apontou para uma longa lista de abusos atuais, da contaminação da água por pesticidas à poluição industrial, passando pelo escoamento de esgoto não tratado, a super-exploração, principalmente para irrigação.


Mais da metade da população do mundo obtém abastecimento potável a partir de águas subterrâneas, que também fornecem 43 por cento de toda a água utilizada para a irrigação.


Cerca de 20 por cento destes aquíferos estão sofrendo uma super-exploração perigosa, disse o relatório.


Tanta água doce tem sido sugada da rocha esponjosa, o que resulta na subsidência, ou seja, a intrusão salina na água doce em zonas costeiras.


Em 2050, a demanda mundial de água deve aumentar 55 por cento, principalmente em resposta ao crescimento urbano.


“As cidades terão de ir mais longe ou cavar mais fundo para terem acesso à água, ou terão que depender de soluções inovadoras e de alta tecnologia para atender às suas demandas de água”, prevê o relatório.


O panorama, que deve ser lançado em Nova Délhi, reúne dados de 31 agências do sistema ONU e 37 parceiros da ONU-Água.


O documento coloca os holofotes sobre regiões quentes, secas e sedentos que já estão lutando contra a demanda implacável.


Na planície norte da China, a irrigação intensiva fez com que o lençol freático diminuísse mais de 40 metros em alguns lugares, segundo o relatório.


Na Índia, o número de chamados de poços artesianos, puxando água subterrânea para a superfície, passou de menos de um milhão em 1960 para quase 19 milhões 40 anos mais tarde.


“Esta revolução tecnológica tem desempenhado um papel importante nos esforços do país para combater a pobreza, mas o desenvolvimento da irrigação que se seguiu tem, por sua vez, resultado em estresse hídrico significativo em algumas regiões do país, como Maharashtra e o Rajastão”, ressalta o relatório.


Torneiras vazias e reservatórios secos


O especialista em água Richard Connor, principal autor do relatório, afirmou que a perspectiva é desoladora para algumas áreas.


“Partes de China, Índia e Estados Unidos, bem como do Oriente Médio, foram contando com a extração subterrânea insustentável para atender às demandas de água existentes”, disse Connor à AFP.


“Na minha opinião pessoal este é, na melhor das hipóteses, um plano B míope. Na medida em que esses recursos de água subterrânea forem se esgotando, não haverá plano C, e algumas dessas áreas pode de fato tornar-se inabitáveis”, prosseguiu.


No ano passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vencedor do prêmio Nobel, estimou que cerca de 80 por cento da população do mundo “já sofre sérias ameaças à sua segurança hídrica, medida por indicadores como disponibilidade de água, demanda por água e poluição”.


“A mudança climática pode alterar a disponibilidade de água e, portanto, ameaçar a segurança da água”, alertou o IPCC.


Corrigir os problemas – e atender às necessidades dos 748 milhões de pessoas sem água potável melhorada e dos 2,5 bilhões sem rede de esgoto – exige inteligência e agilidade dos governos, pontuou o novo relatório da ONU.


Em termos reais, isto significa colocar juntos regras e incentivos para reduzir os resíduos, punição à poluição, incentivo à inovação e fomento de hábitats que proporcionam paraísos para a biodiversidade e água para os seres humanos.


Significa, também, aprender a neutralizar possíveis conflitos por água – já que diversos grupos disputam um recurso precioso e cada vez mais escasso.


“As tarifas de água praticadas atualmente são, em geral, muito baixas para realmente coibir o uso excessivo de água pelas famílias ricas ou pela indústria”, observou o relatório, que alerta para uma futura revisão de preços.


Mas o documento pondera: “o uso responsável às vezes pode ser mais eficazmente promovido através de ações de sensibilização e apelando para o bem comum” do que somente pelo bolso.


Protesto contra falta d’água reúne 


Sob intensa chuva, cerca de 200 pessoas participam, na tarde desta sexta-feira, de protesto no vão livre do Masp, contra a falta d’água em São Paulo e contra a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O movimento foi organizado pelo Coletivo de Luta pela Água e outros movimentos sociais e também o sindicato dos professores, que reivindicam melhores condições salariais e de trabalho.


Mesmo com a forte chuva, pessoas continuam chegando para o protesto. Molhados e espremidos no único espaço coberto do local por causa do temporal, os manifestantes ouvem representantes dos professores de São Paulo criticarem a gestão tucana em São Paulo. A ideia dos organizadores do movimento era fazer uma passeata, mas por enquanto isso foi deixado de lado pro causa do temporal que cai sobre a cidade.



AFP


http://www.paroquiasantoafonso.org.br/?p=10499

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