O grande escândalo público em que a instituição hoje presidida por Bergoglio se viu envolvida na última década e meia vem tanto dos fatos em si como do manto de silêncio interno que garantia a impunidade dos agressores e o desamparo total das vítimas. Nos testemunhos destas, sistematicamente se repete que suas denúncias foram ignoradas; e elas, desprezadas, às vezes com o silêncio, às vezes – ainda pior – com absurdos conselhos ou ameaças.
O que o Papa ordenou criar é precisamente uma via – tríplice e com final na Congregação para a doutrina da fé, o antigo Santo Ofício – que garante que as vítimas sejam ouvidas e que a investigação afete tanto os autores dos abusos, como os bispos que os acobertarem. Porque esses bispos acobertadores é que têm, depois dos abusadores, mais responsabilidade nos fatos. Em uma organização tão hierarquizada e vertical como a Igreja, os prelados contam com todo o poder para frear estas situações intoleráveis.
Além das medidas de foro interno que a Igreja possa adotar, convém recordar que nos códigos penais dos países democráticos o acobertamento constitui um crime punível. Os acobertadores devem responder perante as leis civis, independentemente das sanções a que sejam submetidos pelas organizações a que pertencem. E isso afeta também os bispos.
Francisco disse no começo de seu pontificado que queria pastores que “cheirem a ovelha”. Com essa medida, ele deixa bem claro que não podem ser nem sequer amigos dos lobos.
http://www.paroquiasantoafonso.org.br/?p=15278
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