07/08/2015

Semeando consciência


Marcus Eduardo de Oliveira




Muitos se esquecem até mesmo do principal: que somos parte da natureza.



Parece ser de senso comum que, enquanto não mudarmos a forma de produção industrial, à medida que aceleramos mais o crescimento econômico, baseado, sobretudo, na produção e consumo recheado de suntuosidades, sem o menor respeito aos ciclos da natureza, cada vez mais longe estaremos da condição de se alcançar bem-estar sustentável.


Assim como também parece ser de senso comum que, se não colocarmos um ponto final no excesso de consumo da economia global, costumeiramente confundido como sinônimo de progresso humano, não será possível alcançar um mundo ecológico equilibrado.


A obtenção de uma vida mais tranquila hoje, e, no futuro, está estritamente relacionada à condição de se pôr fim na dilapidação que vem sofrendo o capital natural por conta das atividades econômicas exercerem forte pressão sobre os recursos da natureza.


Para isso, é fundamental disseminar uma “consciência ecológica”. Essa consciência ecológica passa por eliminar o “analfabetismo ecológico”, termo criado por Fritoj Capra visando praticar a “ecoalfabetização”, termo esse também propugnado por esse autor.


Para tanto, a partir dos primeiros anos de ensino-aprendizagem, se faz necessário colocar nossos alunos em contato com os valores que norteiam às ciências ecológicas.


Em paralelo, há de se desenvolver uma política nacional de educação ecológica, uma verdadeiraecoalfabetização – nos dizeres de Capra – que seja capaz de sensibilizar a todos para a importância que representa o sistema ecológico em nossas vidas.


Nossos alunos precisam, portanto, ser ensinados que crescimento econômico, quando acontecer, deve vir em conjunto com a prática de justiça social, sempre resguardando a proteção do meio ambiente.


Faz-se necessário ainda desenvolver uma consciência ecológica especial, realçando que a natureza é a provedora inicial das necessidades humanas. Concernente a isso, lamentavelmente parece que muitos se esquecem até mesmo do principal: que somos parte da natureza.


Com isso, queremos justificar a necessidade de se praticar um novo modo de pensar a relação da economia em sua relação íntima com a ecologia, passando por uma ecoalfabetização, como já exposto.


Não há dúvidas que essa prática mencionada, caso aconteça, está implícita no tema central do século XXI: a construção de um desenvolvimento econômico, social e ecológico digno e sustentável.


Ao interagir com o meio ambiente, a atividade econômica precisa passar a ser pautada no princípio da parcimônia no uso e no trato dos recursos naturais, adotando, para tanto, outro princípio, o daPrecaução (cuja função principal é evitar os riscos e a ocorrência de danos ambientais).


Assim, essa relação economia e natureza, amparada na prática da ecoalfabetização, tem que necessariamente ser vista como uma ferramenta capaz de fazer os homens do futuro enxergarem que uma produção industrial dentro dos limites é razoável, uma vez que, mediante isso, é potencialmente capaz de assegurar na atualidade a possibilidade de continuidade da existência de todos, dentro de um planeta saudável, mais equilibrado e ecologicamente harmonioso.


Daí a importância máxima de “semear” uma consciência já nos primeiros anos de estudo de nossas crianças.



Marcus Eduardo de Oliveira é economista e especialista em Política Internacional prof.marcuseduardo@bol.com.br

 



Semeando consciência

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