03/09/2015

A Igreja na Europa e o escândalo dos refugiados

Rádio Vaticana



Cidade do Vaticano (RV) – Imagens de migrantes em fuga passam todos os dias sob os nossos olhos neste verão europeu. São milhares de mulheres, homens e crianças que se lançam ao mar em busca de novas terras para fugir da violência dos conflitos armados que ameaçam suas vidas e a de seus familiares. Enquanto o continente se divide entre debates, polêmicas, documentos, a foto da criança morta na praia de Bodrum, na Turquia, publicada em toda a mídia, não deixa espaço para palavras. A foto mostra um menino na areia, afogado após tentativa fracassada de navegar para a ilha grega de Kos.


Ontem, a Igreja em três países europeus se manifestou por meio de seus cardeais: Áustria, Portugal e Itália.


Áustria


“É escandaloso que alguns países que fazem fronteira com a Áustria tenham um ‘milésimo’ do número de refugiados que se encontram na Áustria. É escandaloso que não aceitem refugiados… Portanto, espero que a Europa se desperte”, disse o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, em entrevista à TV Tg2000.


“Toda a Igreja na Áustria – prosseguiu Schönborn – reuniu-se em oração pelas 71 vítimas, incluindo quatro crianças, encontradas em um caminhão na rodovia Budapeste-Viena: “Aquele trágico episódio foi um choque, um susto incrível para muitas pessoas. A Catedral ficou lotada, apesar de ser um dia de trabalho, e quase todo o governo estava lá”.


O arcebispo de Viena disse que a oração foi dedicada “a estas pobres pessoas das quais não sabemos ainda a identidade, porque não tinham documentos. Uma situação cínica: estavam em um furgão frigorífico para carne, apertados como sardinhas. Não é possível imaginar o sofrimento dessas pessoas morrendo sufocadas, uma depois da outra. Muitos já perceberam que não é possível continuar assim”.


Portugal


Enquanto isso, em Lisboa, o cardeal-patriarca apelou a uma resposta mais humana e capaz ao drama dos refugiados que têm chegado à Europa, numa atitude de espírito e disponibilidade prática.


“A dramática situação de tantos milhares de pessoas que veem na Europa um lugar de paz e sustento para si e para os seus, enfrentando duríssimas dificuldades para chegar e permanecer no nosso continente, exige de todos nós uma resposta mais humana e capaz”, escreve Dom Manuel Clemente em carta enviada aos diocesanos no início do novo ano pastoral.


O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recorda a convocação de um Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016) pelo Papa Francisco, para convidar todas as famílias, comunidades e organizações católicas a colaborar “inteiramente com as instâncias nacionais e internacionais” na solução destas questões.


A resposta, completa, só pode ser global, dada a complexidade dos problemas a resolver a curto, médio e longo prazo”.


Itália


Intencionada a acolher refugiados e migrantes que chegam a Milão, a diocese ofereceu mais seis imóveis de sua propriedade, para abrigar mais 130 pessoas.


Além disso, o Cardeal-arcebispo, Angelo Scola, pediu às paróquias que coloquem à disposição até pequenas salas, para propiciar uma hospedagem mais ampla. A Caritas milanesa se encarregará de todas as responsabilidades e da gestão concreta do acolhimento, sem influir no orçamento das paróquias.


No momento existem 28 centros de acolhimento em toda a diocese, administrados por cooperativas da Caritas Ambrosiana em convênio com as prefeituras, com 456 lugares. Há ainda 18 estruturas num total de outros 325 lugares.


Ainda em relação ao acolhimento, o Cardeal Scola pediu um passo avante nas leis e regras que regulamentam a hospedagem, a fim de tornar mais digna e construtiva a permanência dos imigrantes em nossas realidades: Na prática, o arcebispo de Milão questiona a demora na entrega dos documentos aos refugiados e por que não se permite que eles trabalhem voluntariamente para atender as exigências da comunidade.


(CM)


(from Vatican Radio)



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