19/09/2015

Duas atitudes muito de Jesus


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 9,30-37.




Por José Antonio Pagola*


O grupo de Jesus atravessa a Galileia a caminho de Jerusalém. Fazem-no de forma reservada, sem que ninguém se inteire. Jesus quer dedicar-se inteiramente a instruir os seus discípulos. É muito importante o que quer gravar nos seus corações: o seu caminho não é um caminho de glória, êxito e poder. É o contrário: conduz à crucifixão e à rejeição, apesar de que terminará em ressurreição.


Aos discípulos não lhes entra na cabeça o que lhes diz Jesus. Dá-lhes medo até perguntar-Lhe. Não querem pensar na crucifixão. Não entra nos seus planos nem expectativas. Enquanto Jesus lhes fala de entrega e da cruz, eles falam das suas ambições: Quem será o mais importante do grupo? Quem ocupará o posto mais elevado? Quem receberá mais honras?


Jesus “senta-se”. Quer ensinar-lhes algo que nunca hão de se esquecer. Chama os Doze, os que estão mais estreitamente associados à sua missão e convida-os a que se aproximem, pois os vê muito distanciados Dele. Para seguir seus passos e parecer-se a Ele têm de aprender duas atitudes fundamentais.


Primeira atitude: “Quem queira ser o primeiro, que seja o último de todos e servidor de todos”. O discípulo de Jesus tem de renunciar às ambições, cargos, honras e vaidades. No seu grupo ninguém está acima dos outros. Pelo contrário, há de ocupar o último lugar, colocar-se ao nível de quem não tem poder nem ostenta categoria alguma. E, desde aí, ser como Jesus: “servidor de todos”.


A segunda atitude é tão importante que Jesus a ilustra com um gesto simbólico profundo. Coloca uma criança no meio dos Doze, no centro do grupo, para que aqueles homens ambiciosos se esqueçam de honras e grandezas, e ponham os seus olhos nos pequenos, os débeis, os mais necessitados de defesa e cuidado. Logo, os abraça e lhes diz: “O que acolhe a uma criança como esta em Meu nome, acolhe-me a Mim”. Quem acolhe um “pequeno” está acolhendo o “maior”, a Jesus. E quem acolhe a Jesus está acolhendo o Pai que O enviou.


Uma Igreja que acolhe os pequenos e indefesos está ensinando a acolher a Deus. Uma Igreja que olha para os grandes e se associa com os poderosos da terra está pervertendo a Boa Nova de Deus anunciada por Jesus.



Instituto Humanitas Unisinos

*José Antonio Pagola, teólogo espanhol.


Duas atitudes muito de Jesus

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