24/02/2016

Empresas que executam obra no Lagamar se eximem de responsabilidade

Para Crea, principal hipótese é de erro no projeto de escoramento. Prefeitura definiu ontem equipe de investigação do desabamento de obra. Construtora tem até hoje para entregar relatórios de montagem


As principais perguntas a serem respondidas a respeito do desabamento de ponte em obra no Canal do Lagamar, que deixou dois operários mortos na última segunda-feira, 22, são: houve negligência? E, se houve, por que e de quem foi a responsabilidade? Os questionamentos foram levantados pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT), ontem, após a primeira reunião da comissão que deve investigar o caso.



A principal hipótese para o acidente é de um erro no projeto de escoramento da estrutura. A informação é do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota.


Pelo menos três empresas estão envolvidas na execução da obra: a construtora Ferreira Guedes, vencedora da licitação; a SH Formas Andaimes e Escoramentos LTDA e a Rebar Service, empresa com vínculo com os operários em serviço na obra.


A empresa responsável pela obra e vencedora da licitação, a construtora Ferreira Guedes, foi notificada pela Prefeitura, na manhã de ontem, e precisa apresentar até hoje os relatórios técnicos a respeito da montagem da estrutura de aço e concretagem. De acordo com a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), pasta responsável pelo projeto, a Ferreira Guedes é a empresa responsável pelo escoramento e por toda a execução da obra.


Por meio de nota, a Ferreira Guedes informou que mantém contrato de locação de equipamentos, assistência técnica e supervisão de montagem com a SH Formas Andaimes e Escoramentos LTDA. Segundo a construtora, todo o trabalho é supervisionado diariamente pela empresa contratada “para constatar e acompanhar a perfeita execução dos serviços”. No entanto, a SH, também em nota, negou ser responsável pela fiscalização da obra. A empresa informou que é só a locadora dos equipamentos de escoramento.


Ao O POVO, o prefeito afirmou que iria evitar juízo antecipado sobre as causas. “Há um fato grave, que comoveu a Cidade, que vai exigir a melhor opinião técnica, nem que tenha de vir até de fora da Cidade, para a gente saber e prestar contas do que aconteceu. Se há alguma responsabilidade objetiva. E, se houver, evidente que nós cobraremos que a Justiça cumpra seu papel. Até, eventualmente, se tiver havido algum erro de algum agente público”, garantiu.


Obra embargada


Roberto Cláudio chegou a afirmar ontem que as atividades no canteiro de obras — onde, além da duplicação de ponte, são construídos viadutos e rotatória — prosseguiriam a partir de hoje no trecho onde não houve desabamento. No entanto, ontem toda a obra foi embargada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE-CE), do Ministério do Trabalho. A decisão foi tomada após visita de equipe formada por três auditores à ponte. Os serviços ficam interrompidos até a conclusão de relatório dos auditores, que deve ficar pronto em até 30 dias. (colaboraram Cinthia Freitas e Rômulo Costa)


Saiba mais


De acordo com Arquimedes Fortes, chefe de fiscalização do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem em geral no Estado do Ceará (Sintepav), o próximo passo é dar entrada na indenização das famílias dos operários mortos e feridos no desabamento.


Arquimedes Fortes disse ainda que houve paralisação na obra na última sexta-feira, 19, devido atraso no pagamento dos operários. Mas, segundo ele, a situação foi resolvida no dia posterior e as obras deram continuidade. Ele criticou o atual cenário para os funcionários da construção civil e afirmou que as fiscalizações têm de ser constantes.


Frase


“HÁ UM FATO GRAVE, QUE COMOVEU A CIDADE, QUE VAI EXIGIR A MELHOR OPINIÃO TÉCNICA PARA A GENTE PRESTAR CONTAS DO QUE ACONTECEU” (Roberto Cláudio)



Empresas que executam obra no Lagamar se eximem de responsabilidade

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