10/02/2016

Papa condena usura que traz «desespero» às famílias

Francisco diz que Jubileu tem de chegar aos «bolsos» e convida católicos com mais posses a deixar bens aos pobres


Cidade do Vaticano, 10 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje no Vaticano a usura e lembrou o “desespero” que a exploração dos mais necessitados provoca.

“Quantas famílias estão na rua, vítimas da usura”, lamentou Francisco, na audiência geral, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.


A intervenção recordou que a usura é considerada como “um grave pecado”, que “grita diante de Deus”.


“Quantas situações de usura somos obrigados a ver e quanto sofrimento e angústia provocam nas famílias. Tantas vezes, no desespero, quantos homens acabam por suicidar-se porque não conseguem, não têm esperança, não têm a mão estendida para os ajudar, apenas a mão que vem exigir o pagamento dos juros”, acrescentou.


A catequese semanal sublinhou que o Jubileu da Misericórdia tem de chegar aos “bolsos”, respeitando a tradição bíblica de ajudar os mais pobres e de perdoar as dívidas.


“Rezemos para que neste Jubileu o Senhor tire do coração de todos nós este desejo de ter mais, da usura, que nos torne generosos”, pediu.


A intervenção recordou que o Jubileu é um tempo de “perdão geral” e questionou a distribuição da riqueza mundial, em que “80% dos recursos estão nas mãos de menos de 20% das pessoas”.


“Que cada um pense, no seu coração: se tem demasiadas coisas, por que não deixar àqueles que não têm nada 10%, 50%? Que o Espírito Santo inspire cada um de vós”, pediu Francisco.


O Papa recordou que, no Antigo Testamento, a instituição do Jubileu acontecia de 50 em 50 anos como um momento culminante da vida religiosa e social do povo de Israel.


Nesse contexto, se uma pessoa tivesse sido obrigada a vender a sua terra ou a sua casa, recuperava a sua posse no Jubileu, o mesmo acontecendo a quem tivesse sido reduzido à escravidão.


“Se o Jubileu não chegar aos bolsos, não é um verdadeiro Jubileu. Perceberam? E isto está na Bíblia, não o inventa este Papa”, insistiu Francisco.


Na instituição do Jubileu, acrescentou, havia a intenção de devolver o “necessário para viver” a quem empobrecera”.


“A mensagem bíblica é muito clara: abrir-se com coragem à partilha entre compatriotas, entre famílias, entre povos, entre continentes. Contribuir para realizar uma terra sem pobres quer dizer construir sociedades sem discriminações, assentes na solidariedade que leva a partilhar aquilo que se possui numa divisão dos recursos fundada na fraternidade e na justiça”, precisou o Papa.


Após a catequese, Francisco deixou saudações aos vários grupos de peregrinos, incluindo os portugueses.


“Saúdo os professores e os alunos das diversas comunidades escolares de Barreiro, Bragança, Coimbra e Lisboa. Sobre vós e demais peregrinos de língua portuguesa, invoco a proteção da Virgem Maria. Que Ela vos tome pela mão durante os próximos quarenta dias, ajudando-vos a ficar mais parecidos com Jesus ressuscitado. Desejo-vos uma santa e frutuosa Quaresma”, disse.


Já no final do encontro, o Papa evocou a sua próxima viagem ao México, com início na sexta-feira, antecidade nesse mesmo dia pelo inédito encontro com o “caro irmão Cirilo”, patriarca ortodoxo de Moscovo.


“Confio à oração de todos vós tanto o encontro com o patriarca Cirilo como a viagem ao México”, concluiu.


OC




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