19/03/2016

Homilética: Sexta-Feira Santa



Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo (Brasil)






cristo



(ZENIT/HSM – San Gioacchino In Prati)






SEXTA-FEIRA SANTA




Ciclo C




Textos: Is 52,13-53,12; Heb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1-19,42




Ideia principal: Deus não nos amou de brincadeira. Olhemos para a cruz!




Síntese da mensagem: a Sexta-feira Santa é o dia do ano onde a misericórdia de Deus chegou até o extremo e à loucura. Jesus hoje nos repete o que disse um dia à beata Angela da Foligno quando estava meditando na paixão do Senhor: “Não te amei de brincadeira!”.Jesus tem razão quando nos repete hoje, desde a cruz, com as palavras da liturgia: “Povo meu, o que mais poderia fazer por ti que ainda não fiz? Responde-me!”. Olhemos para a cruz!




Pontos da ideia principal: as palavras que o Papa emérito Bento XVI dirigiu depois da Via Sacra da Sexta-feira Santa de 2006 me parecerem carregadas do que quero desenvolver hoje aqui.




Em primeiro lugar, olhemos a Cruz de Cristo. “No espelho da cruz vimos todos os sofrimentos da humanidade de hoje. Na cruz de Cristo hoje vimos o sofrimento das crianças abandonadas, dos meninos vítimas de abusos, as ameaças contra a família; a divisão do mundo na soberba dos ricos que não veem Lázaro na sua porta e a miséria de tantos que sofrem fome e sede. Mas também vimos “estacoes” de consolo. Vimos a Mãe, cuja bondade permanece fiel até a morte e além da morte. Vimos a mulher corajosa que se aproxima do Senhor e não tem medo de manifestar solidariedade com este Homem de dores. Vimos Simão, o Cireneu, um africano, que leva a cruz juntamente com Jesus. E mediante estas “estações” de consolo vimos, por último, que, do mesmo modo que não acabam os sofrimentos, tampouco acabam os consolos”. Deus não nos amou de brincadeira.




Em segundo lugar, continuemos olhando para a Cruz de Cristo. “Vimos como São Paulo encontrou no “caminho da cruz” o zelo da sua fé e acendeu a luz do amor. Vimos como Santo Agostinho achou o seu caminho. A mesma coisa São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, São Maximiliano Kolbe, a madre Teresa de Calcutá… Do mesmo modo também nós estamos convidados a encontrar o nosso lugar, a encontrar, como estes grandes e valentes santos, o caminho com Jesus e por Jesus: o caminho da bondade, da verdade; a valentia do amor. Compreendemos que a via sacra não é simplesmente uma coleção das coisas escuras e tristes do mundo. Nem é um moralismo que, no final, resulta insuficiente. Não é um grito de protesta que não muda nada. A Via Sacra é o caminho da misericórdia, e da misericórdia que põe o limite ao mal: isso aprendemos do Papa João Paulo II. É o caminho da misericórdia e, assim o caminho da salvação. Deste modo estamos convidados a tomar o caminho da misericórdia e a colocar, juntamente com Jesus, o limite ao mal”. Deus não nos amou de brincadeira.




Finalmente, alguém poderia dizer: Sim, é verdade que Cristo nos amou loucamente então, quando viveu na terra; mas agora? Agora que já não está entre nós, o que resta daquele amor, a não ser um pálido reflexo, talvez imortalizado numa cruz que está pendurada na parede? Os discípulos de Emaús diziam: “Já faz três dias que aconteceu tudo isto”, e nós nos sentimos tentados a dizer: “Já faz dois mil anos…!”. Porém estavam no erro, porque Jesus tinha ressuscitado e estava caminhando com eles. E também nós erramos quando pensamos como eles, pois o seu amor continua ainda no meio de nós, “porque o amor de Deus tem sido derramado nossos corações com o Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). E esse amor misericordioso continua se derramando desde a sua Cruz em cada confissão onde recebemos o perdão das mãos do ministro de Deus. E esse amor misericordioso continua alimentando a nossa alma em cada comunhão que recebemos com fervor e com a alma limpa em cada Eucaristia. E esse amor misericordioso continua sendo palpável em cada gesto dos nossos pais, dos nossos professores, dos nossos amigos, dos nossos sacerdotes que se entregam com dedicação, sacrifício e generosidade, sem pedir compensações. Não, Deus não nos amou de brincadeira. O seu amor foi, é e será muito sério. E amor com amor se paga. Pelo menos isso fazem as almas nobres.




Para refletir: deixo-me curar e abraçar pela Cruz de Cristo? Experimento todos os dias na oração e na participação dos sacramentos esse amor de Cristo que me amou e me continua amando em sério? Sou portador desse amor misericordioso de Cristo aos meus irmãos e irmãs que vivem do meu lado e que estão levando uma cruz talvez mais pesada do que a minha? Alargo também os meus braços para dar-lhes uma mão, como bom cireneu, ou estender-lhes o meu manto para enxugar as suas lágrimas e o seu sangue, como fez a Verônica com Cristo?




Para rezar: Peçamos ao Senhor que nos ajude a ser “contagiados” pela sua misericórdia. Peçamos à Santa Mãe de Jesus, a Mãe da misericórdia, que também nos sejamos homens e mulheres da misericórdia, para contribuir assim à salvação do mundo, à salvação das criaturas, para ser homens e mulheres de Deus. Amém.




Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:arivero@legionaries.org/ Zenit





Homilética: Sexta-Feira Santa

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