“A
garantia da propriedade das terras secularmente ocupadas por eles é dever
constitucional e compromisso ético-moral”. Desta forma, a presidência da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se manifestou por meio de nota nesta
terça-feira, 17/04, a respeito do julgamento que será realizado pelo Supremo
Tribunal Federal quanto à titulação de terras quilombolas pela União. A
Conferência recorda no documento que os artigos 215 e 216 da Constituição
Federal asseguram aos quilombolas o direito à preservação da própria cultura e
do seu patrimônio imaterial. Confira, a seguir, a íntegra da declaração: Nota
Sobre as Comunidades Quilombolas Diante do iminente julgamento, pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), da Ação Direta de Inconstitucionalidade, que questiona
a titulação de terras quilombolas pela União, como determina o Decreto
4887/2003, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil vem ratificar seu apoio
à manutenção do referido Decreto, assegurando o atual processo de
reconhecimento, demarcação e titulação das terras quilombolas. O Brasil tem uma
dívida histórica para com a população afro-brasileira, da qual muitos são
remanescentes de quilombos. A garantia da propriedade das terras secularmente
ocupadas por eles é dever constitucional e compromisso ético-moral. Os
Quilombos são de vital importância na estruturação da cultura brasileira. São
espaço do cultivo da terra para a sobrevivência e também da continuidade de um
modo de vida original, rico e diverso, reconhecido mundialmente. Os artigos 215
e 216 da Constituição Federal asseguram aos quilombolas o direito à preservação
da própria cultura e do seu patrimônio imaterial. A garantia constitucional do
reconhecimento de seus territórios é, portanto, fundamental para a manutenção
desta trajetória de resistência. Acrescente-se, ainda, que o disposto no
artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias determina que
cabe ao Estado garantir a propriedade dos ocupantes das terras remanescentes
dos quilombos. A CNBB, fundada na norma constitucional, insiste no respeito a
estes dispositivos legais que garantem a tradição quilombola ligada à posse e a
propriedade da terra. Os territórios quilombolas sustentam a memória cultural,
a identidade étnica e são o principio de uma existência cidadã. Na fidelidade à
opção evangélica e preferencial pelos pobres, a CNBB coloca-se, mais uma vez,
ao lado das comunidades Quilombolas para as quais pede especial proteção e
bênção de Nossa Senhora Aparecida, padroeira e mãe de todos os brasileiros.
Cardeal Dom Raymundo Damasceno AssisArcebispo de AparecidaPresidente da CNBB
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