Que sentido tem hoje falar da cruz de Jesus, no meio de uma sociedade que só parece exaltar o prazer e o conforto? Alguns pensam que falar de cruz é exaltar a dor, glorificar o sofrimento e a humilhação, incentivar o ascetismo mórbido, ir de encontro à alegria da vida.
Há um dia no ano em que o centro da liturgia da Igreja não é a eucaristia, mas a cruz. É a Sexta-feira Santa. Neste dia, a missa não é celebrada, apenas se contempla e adora o Crucificado. A Igreja destaca, neste dia, a riqueza desse momento em que “tudo foi consumado”.
Quando olhamos o Crucificado e penetramos - com os olhos da fé - no mistério que se encontra na cruz, encontramos o amor imenso e a ternura incomensurável de Deus, que quis partilhar nossa vida e nossa morte até o extremo. O cristianismo é a única religião em que Deus morre para nos dar Vida.
Deus sofre na cruz não porque ama o sofrimento e a dor, mas sim porque não o quer para nenhum de nós. Se Deus agoniza na cruz, não é porque despreza a vida, mas porque a ama tanto que quer que todos a desfrutem, um dia, em plenitude.
Só quem entende melhor a cruz de Cristo são os que estão crucificados: os que sofrem humilhação, os doentes, os injustiçados, os marginalizados, aqueles que vivem sem amor, sem alegria, sem vida. Esses veem no Crucificado não a dor e a morte, mas um mistério de amor e de vida.
Só o Deus que padece pode ajudar e compreender o sofrimento dos sofredores. Um deus incapaz de padecer tampouco pode se compadecer, um deus impassível é um deus sem coração, sem misericórdia. Uma das causas da condenação de Jesus à morte foi simplesmente porque revelou um novo rosto de Deus. O Deus Abbá, o “mamãe-papai-Deus”, que é proximidade, é perdão, é amor que se entrega.
A cruz é o lugar onde Deus fala em silêncio. Na morte de cruz, o Filho entrou no “fim” do homem, na experiência de nossa condição humana, no abismo de nossa pobreza, de nossa solidão. Na escola da dor se fez homem até o extremo. O Pai conhece também a dor, sofre pelo inocente entregue incondicionalmente e injustamente à morte, aceitando sua injusta morte para que a humanidade e a cruz revelassem ao mundo o amor trinitário.
Portanto, a cruz de Jesus foi e sempre será escândalo. Nós, assim como Paulo, “pregamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas para os que são chamados, quer judeus quer gregos, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1Cor 1,22-24). Essa é a cruz que atualiza na vida de tantos crucificados o Crucificado Jesus, pois a Paixão de Cristo é a paixão dos homens e a paixão dos homens é a Paixão de Deus.
Padre Eugenio Pacelli, pároco da Igreja Cristo Rei
Fonte: O Povo
Há um dia no ano em que o centro da liturgia da Igreja não é a eucaristia, mas a cruz. É a Sexta-feira Santa. Neste dia, a missa não é celebrada, apenas se contempla e adora o Crucificado. A Igreja destaca, neste dia, a riqueza desse momento em que “tudo foi consumado”.
Quando olhamos o Crucificado e penetramos - com os olhos da fé - no mistério que se encontra na cruz, encontramos o amor imenso e a ternura incomensurável de Deus, que quis partilhar nossa vida e nossa morte até o extremo. O cristianismo é a única religião em que Deus morre para nos dar Vida.
Deus sofre na cruz não porque ama o sofrimento e a dor, mas sim porque não o quer para nenhum de nós. Se Deus agoniza na cruz, não é porque despreza a vida, mas porque a ama tanto que quer que todos a desfrutem, um dia, em plenitude.
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