31/05/2012

Estudantes criam em 72 h projetos para solucionar problemas do Rio


Governo da Suécia promove corrida da inovação com alunos brasileiros. 
Entre projetos estão chuveiro que capta calor e aplicativo para cadeirantes.

Paulo GuilhermeDo G1, no Rio
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Um chuveiro alimentado por um sistema que capta o calor do ambiente. Placas modulares colocadas no asfalto para absorver a água da chuva. Um aplicativo para celular que indica o caminho com maior acessibilidade para um cadeirante. E um sistema que pode ser usado em casa para testar a qualidade da água. Estes são alguns dos projetos que uma turma de estudantes de mestrado e doutorado precisou desenvolver em tempo recorde, três dias, e que serão finalizados na tarde desta quinta-feira (31), quando termina a Innovation Race, uma corrida pela inovação para o desenvolvimento sustentável realizada no Planetário do Rio.
Alunos de escola pública do Rio observam o trabalho dos estudantes da Innovation Race no Planetário (Foto: Paulo Guilherme/G1)Alunos de escola pública do Rio observam o trabalho dos estudantes da Innovation Race no Planetário (Foto: Paulo Guilherme/G1)
A corrida da inovação faz parte da “Semana da Inovação Brasil-Suécia: Inovação para o Desenvolvimento Sustentável”, promovida pelo governo da Suécia. O evento começou nesta segunda-feira (28) e vai até sexta (1º).
São 12 estudantes de mestrado e pós-graduação de quatro grandes universidades (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do ABC e PUC-Rio) divididos em duas equipes de seis. Eles não se conheciam e foram desafiados a elaborarem, em apenas 72 horas, soluções tecnológicas e inovadoras para problemas do dia a dia da cidade do Rio de Janeiro.
Um grande cronômetro foi instalado em uma das salas do planetário e começou a fazer a contagem regressiva na segunda-feira. Com o apoio de um coordenador e um designer, e um “back office” formado por pesquisadores, advogados de patentes, analistas de mercado, economistas e criadores de protótipos, os grupos vão apresentar nesta sexta-feira os resultados desta corrida contra o tempo.
Estudantes apresentam projeto de teste de água potável (Foto: Paulo Guilherme/G1)Estudantes apresentam projeto de teste de água potável (Foto: Paulo Guilherme/G1)
Uma das principais características desta corrida é que cada um dos participantes tem uma formação acadêmica diferente dos demais. Entre os competidores estão jornalista, engenheira de produção, engenheira química, biomédica, publicitária, microbiologista, químico e administrador de empresas, entre outros.
“A gente aprende a ter uma visão diferente do processo, sem necessariamente lidar com pessoas do ramo”, destaca Ayla Silva, doutoranda em química na UFRJ. “É possível se focar em problemas menos técnicos do que lidamos na universidade”, complementa a participante, que é coautora de uma patente de utilização de enzimas para o bagaço de cana-de-açúcar na produção do bioetanol.
Leonardo Costa, doutorando em química da UFF (Foto: Paulo Guilherme/G1)Leonardo Costa, doutorando em química da UFF
(Foto: Paulo Guilherme/G1)
Rafael Moralez, formado em filosofia e com pós-graduação em energia pela UFABC, destaca a importância de um trabalho multidisciplinar e em equipe. “Não dá para pensar isoladamente, é preciso juntar diferentes conhecimentos para se pensar o mundo.” Já Leonardo Costa, doutorando em química pela UFF, diz que o projeto permite entender que não é impossível, por exemplo, se criar uma patente. “Iniciativas assim deveriam ser desenvolvidas pelas universidades,” diz.
Para Claudio Fernandes, diretor da Agência de Inovação da UFF, as características da sociedade brasileira, a situação de certa estabilidade econômica e o sistema educacional já permitem a formação de uma grande produção científica. “O desafio é fazer com que esta capacidade gere não apenas ciência, mas soluções inovadoras para a nossa sociedade. É preciso facilitar alguns processos de investimento das empresas em inovação e reduzir a burocracia. Porque acaba sendo mais barato para o empresário importar soluções vindas de fora.”
Estudantes discutem com especialista em patentes como transformar inovação em produto (Foto: Paulo Guilherme/G1)Estudantes discutem com especialista em patentes como transformar inovação em produto (Foto: Paulo Guilherme/G1)

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