29/06/2012

Mercosul suspende o Paraguai e incorpora a Venezuela



Decisão do bloco é uma retaliação ao impeachment sofrido por Fernando Lugo

Reunião do Mercosul em Mendoza, Argentina
Reunião do Mercosul em Mendoza, Argentina (Enrique Marcarian/REUTERS)
A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta sexta-feira que o Mercosul decidiu suspender temporariamente o Paraguai até a realização de novas eleições no país - marcadas para 2013 - e antecipou que a Venezuela será incorporada ao bloco como membro em 31 de julho. As duas decisões foram divulgadas durante o discurso de encerramento da Cúpula do Mercosul que ocorreu na tarde desta sexta, na cidade de Mendoza.
Dilma Roussef - que assumiu a presidência temporária do bloco - comentou a suspensão: "Nossa posição mostra a sobriedade desta região. Há 140 anos vivemos sem guerras, conflitos étnicos ou perseguições religiosas no Mercosul. Fizemos todos os nossos organismos baseados no compromisso fundamental com a democracia, e o protocolo de Ushuaia evidencia isto".
A respeito da entrada da Venezuela no bloco, Dilma disse que o Mercosul espera que "o processo contínuo e sistemático pelo qual passou a integração da Venezuela seja concluído" no próximo mês. O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, confirmou que o ingresso da Venezuela ao Mercosul como membro pleno já fazia parte da agenda da cúpula, que teve a presença do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. A entrada estava pendente desde 2006, devido à negativa do Congresso paraguaio de ratificar o protocolo de adesão, mas a suspensão do Paraguai aparentemente destravou o processo.
Impeachment - Ambas as medidas são uma retaliação ao impeachment sofrido por Fernando Lugo, na semana passada. Os países latino-americanos criticam o pouco tempo dado à defesa do ex-presidente, que foi substituído de imediato pelo vice, Federico Franco. Cristina Kirchner qualificou nesta sexta-feira como uma "paródia" o julgamento político que levou à cassação de Lugo, e pediu atenção ao que chamou de "golpes suaves" na região.
"Houve uma ruptura da ordem democrática na República do Paraguai. Em minha opinião, parece uma paródia de julgamento o que aconteceu contra Lugo, porque não há no mundo um julgamento político sem a possibilidade de defesa", disse a presidente argentina, ainda no discurso inaugural da reunião. A anfitriã também afirmou que não apoiará sanções econômicas e que não tomará qualquer medida que prejudique o povo paraguaio.
Além da governante argentina, participaram da reunião em Mendoza os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, Uruguai, José Mujica, Peru, Ollanta Humala, Bolívia, Evo Morales, Chile, Sebastián Piñera, Equador, Rafael Correa, e Suriname, Desiré Bouterse. Os outros países-membros (Colômbia, Venezuela e Guiana) estão representados por chanceleres e outros altos funcionários.
(Com agência EFE)

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