17/07/2012

EUA: Despudoradamente ricos enquanto crescem as filas dos pobres


Por Álvaro F. Fernández
É hora de enfrentarmos a verdade. A assistência social para os ricos como política tributária não funciona. É mais, as cifras nos dizem que tem sido um fracasso total. A guerra de classes que foi realizada, começando com Ronald Reagan e, em seguida, ampliada sob o governo de Clinton; o desmonte do Estado de bem Estar e, finalmente, as rebaixas de imposto de W. Bush para "os que têm e os que têm mais”, como ele se referiu em uma oportunidade a sua base eleitoral, deve cessar. Até o conservador colunista do The New York Times, David Brooks, escreveu recentemente acerca do tema e chegou à conclusão de que "se não enfrentamos o problema... a alternativa é o suicídio nacional”.
Pode ser que Warren Buffet, um dos homens mais ricos do planeta tenha sido quem melhor disse quando declarou: "Sem dúvida, há guerra de classes; porém, é minha classe, a classe dos ricos, a que está fazendo a guerra, e estamos ganhando”.
E está o argumento republicano que diz que não permitir as rebaixas de impostos para os ricos atingirá inversamente a economia. Um incremento dos impostos, dizem eles, atingirá o crescimento do emprego e, como resultado, haverá maior pobreza.
Porém, as cifras não os apoiam.
Se essa filosofia fosse verdade, então as cifras de pobreza deveriam ter baixado depois de que George W. Bush se mudara para a Casa Blanca, em janeiro de 2001, e começasse a recortar impostos, especialmente dos ricos.
Algumas verdades
As cifras do censo de 2000 mostraram que havia 31 milhões de norte-americanos vivendo na pobreza. E essas cifras diminuíram, não é certo? A teoria do desborde de Reagan funcionou perfeitamente com W. Bush no timão, certo?
Em 2012, o número estimado de norte-americanos que viviam na pobreza havia aumentado para 46 milhões. Um incremento de quase 50%; Porém, isso não foi o que nos disseram. O que aconteceu?
Em poucas palavras, há muitos políticos que favorecem aos super ricos –suponho que é porque estes os mantém no poder com subornos chamados doações de campanha e outras guloseimas-. Assim, durante os últimos anos, e para ajudar a esses amigos ricos necessitados de uns poucos milhões mais –ou centenas de milhões- saíram em busca de botim.
E então, encontraram programas de rede social de segurança, bem financiados, criados desde a época de Franklin Delano Roosevelt por políticos de ideias progressistas. Programas estabelecidos para garantir que os norte-americanos nunca mais sofressem as dificuldades da Grande Depressão na década de 1930.
Em seu livroTan rico y tan pobre – Por qué es tan difícil acabar con la pobreza en Estados Unidos, Peter Edelman, um professor da Universidade Georgetown e ex-subsecretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos no governo de Bill Clinton e que renunciou a seu cargo devido a desacordos com a reforma da assistência social, diz que a rede de segurança criada e melhorada durante o último meio século, mantém a 40 milhões de norte-americanos fora da pobreza.
Nos diz que se a alguns de nossos políticos lhes fosse permitido realizar sua filosofia de austeridade e o recorte e roubo de nossos programas de rede de segurança, essas pessoas poderiam chegar facilmente à cifra de 86 milhões de norte-americanos vivendo na pobreza dentro de pouco tempo. Tal como estão as coisas, diz ele, um de cada sete norte-americanos depende na atualidade dos selos de alimentos.
Outra cifra surpreendente é que a metade dos empregos nesse país pagam menos de US$34.000 anuais (o limite de pobreza está em $ 22.000, um fato para a quarta parte de todos os estadunidenses), um salário que está estancado aproximadamente desde a década de 1970. Durante esse mesmo período, os diretores gerais das grandes corporações e os muito ricos tornaram-se excepcionalmente ricos. É interessante conhecer que conseguiram pagar menos impostos (como porcentagem de seus ingressos) do que as pessoas com o salário de 34.000 e que trabalham para que eles sejam mais ricos.
Esse país se orgulha de ser o maior da Terra. O mais rico. O mais forte –gastando milhares de milhões em guerras por todo o mundo e mantendo-nos "a salvo do terrorismo”-. Sim, claro, recordo quando era o comunismo...
Imaginem um futuro não muito distante com quase 100 milhões de norte-americanos vivendo na pobreza. Não creem que esse é um tema de segurança nacional? Me parece que a democracia que está em perigo.
Terminarei com uma citação proveniente do livro de Edelman:
"Estados Unidos e pobreza são palavras que não devem aparecer na mesma oração. Somos o país mais rico do mundo; é um oxímoron(*) que exista qualquer nível de pobreza. E que tenhamos a mais alta taxa de pobreza infantil no mundo industrializado é simplesmente uma vergonha”.
[(*) NdE.: Oxímoron é uma figura de estilo que reúne duas palavras aparentemente contraditórias ou incongruentes em uma só palavra]

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