06/11/2012

Ann, a mulher que humaniza Romney


Mulher de republicano optou por ficar em casa para cuidar dos cinco filhos.
Partido confia em seu potencial para atrair americanos mais conservadores.

Do G1, com agências internacionais
ann romney, primeira-dama, perfil (Foto: J. Scott Applewhite/AP Photo)Ann, mulher do republicano Mitt Romney, em foto de
agosto de 2012 (Foto: J. Scott Applewhite/AP Photo)
Ann Romney, de 63 anos, mãe de cinco filhos e avó de 18 netos, pode tornar-se a próxima primeira-dama americana caso seu marido, o republicano Mitt Romney, seja eleito presidente nesta terça-feira (6). Dona de casa, sem trabalhar profissionalmente, ela escolheu ser ativista de grupos de pais e de outras organizações cívicas. Lutou por anos contra um câncer de mama e, ainda hoje, enfrenta complicações da esclerose múltipla.
Ann lutou por anos contra o câncer de mama e, ainda hoje, enfrenta complicações da esclerose múltipla
A história de vida de Ann é fundamental para a campanha do marido, o aparentemente frio, distante e bem-sucedido homem de negócios Mitt Romney. Os dois estão casados há 43 anos – o enlace aconteceu em 1966, pela igreja mórmon. O casal teve cinco filhos homens: Taggart, Matthew, Joshua, Benjamin e Craig.
Convertida à fé mórmon de Mitt, Ann é filha de um empresário e formou-se em francês pela Brigham Young University. Descendente de emigrantes galeses de classe média, ela é ligada à sociedade mais tradicional e conservadora dos Estados Unidos, especialmente em sua defesa dos valores familiares e no papel principal que a fé religiosa tem em sua vida.
"Amo as doutrinas da igreja e tenho uma firme crença em Deus e no fato de estarmos na Terra para nos ajudar e, principalmente, ajudar o próximo", declarou Ann em uma entrevista no final de agosto.
Apesar de sempre ter desfrutado de uma boa situação econômica, a vida da esposa do candidato republicano não foi nada fácil durante os últimos anos, nos quais teve que enfrentar um câncer de mama, além do quadro de esclerose múltipla.
O câncer foi superado em 2007, mas Ann segue lidando com a esclerose múltipla, uma doença neurológica e degenerativa que foi diagnosticada em 1998. Mesmo em estado de "remissão", segundo a própria Ann costuma afirmar, a doença segue "governando" sua vida.

"É quase irônico que eu esteja participando da campanha, já que para mim é muito difícil manter um equilíbrio entre minha saúde e as exigências da campanha. Felizmente, meu pessoal de apoio entende isso e foi estupendo, preservando o descanso que necessito", relatou.
Apesar das recomendações médicas para evitar o estresse, além de dormir e comer bem, Ann se mostrou muito ativa durante a campanha eleitoral republicana, acompanhando seu marido em vários atos e, inclusive, chegando a dar comícios sozinha.
Os sintomas da esclerose múltipla são controlados principalmente com uma terapia que utiliza cavalos. A mulher de Romney é uma conhecida amante dos animais, e um de seus cavalos, Rafalca, participou da Olimpíada de Londres este ano.

Além de seu próprio câncer, Ann também conviveu com a doença de seus familiares. "Perdi minha mãe para um câncer de ovário, assim como minha avó. Minha bisavó morreu de câncer de mama, então para mim tem sido uma longa linhagem com câncer", disse em uma entrevista.
Romney com a mulher, Ann, neste domingo (26) (Foto: Brian Snyder/Reuters)Romney com a mulher, Ann (Foto: Brian Snyder/
Reuters)
Dona de casa
Seu status de dona de casa foi o centro de um debate público. Uma colaboradora dos democratas, Hillary Rosen, questionou em televisão como a esposa do candidato republicano podia falar de economia sem ter trabalhado fora de casa.
Amo as doutrinas da igreja e tenho uma firme crença em Deus e no fato de estarmos na Terra para nos ajudar e, principalmente, ajudar o próximo"
Ann Romney
Contudo, em um país onde aproximadamente 15% das mães com filhos mais novos não trabalham, os apoios das donas de casa a Romney se multiplicaram.
Em contrapartida, a esposa de Romney, a quem seu marido chama de "carinho", disse que nunca teve que contratar uma babá para seus filhos nem uma empregada doméstica. Além disso, destacou que é tão apaixonada pela cozinha, que até presenteia os jornalistas com bolachas caseiras.
Os republicanos confiam no potencial de Ann para se conectar com a sociedade mais tradicional e conservadora do país. Ela entrou na campanha do marido após as críticas por não trabalhar fora de casa. "Tomei a decisão de ficar em casa e criar cinco meninos; acreditem, é um trabalho duro", disse a esposa do republicano em sua conta no Twitter.
Na convenção nacional dos republicanos, ela buscou mostrar Romney como pai e marido comprometido, especialmente nos tempos difíceis. "Eu li em algum lugar que Mitt e eu temos um casamento de contos de fada. Bem, nos contos de fada que eu li, nunca houve longas tardes chuvosas em uma casa com cinco meninos chorando ao mesmo tempo", disse sobre a criação dos filhos do casal.
"E estes livros parecem nunca trazer capítulos intitulados esclerose múltipla ou câncer", acrescentou Ann. "Casamento de conto de fadas? Não, de jeito nenhum. O que Mitt e eu temos é um casamento da vida real", afirmou.
Apesar do esforço, a mulher de Mitt Romney ainda tem muito trabalho por fazer: as últimas enquetes indicam que cerca de seis entre cada dez americanos não a conhecem o suficiente para ter uma opinião formada dela.
Já entre os republicanos, Ann não está fazendo um mau papel. Possui blog e Twitter próprios e, segundo pesquisa recente do Pew Research Center, tem 30% de popularidade, embora seja considerada "menos visível" que a esposa do candidato democrata, Michelle Obama.
Romney com os filhos Tagg, Ben, Matt, Craig, Josh e a esposa Ann em férias de verão, em 1992 (Foto: AFP)Romney com os filhos Tagg, Ben, Matt, Craig, Josh e a esposa Ann em férias de verão, em 1992 (Foto: AFP)

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