03/11/2012

Bispo do Porto preocupado


D.R.
Porto, 02 nov 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto manifestou hoje a sua “preocupação” perante a situação do país e defendeu a necessidade de garantir a capacidade de resposta do Estado Social.
“Apelo para que todos os órgãos da sociedade, em particular o Parlamento, façam o melhor possível para se atingirem, também na medida do possível, as finalidades indispensáveis [do Estado]”, disse D. Manuel Clemente à ECCLESIA.
O prelado admite que os compromissos assumidos pelo país o tornam “muito dependentes de órgãos de decisão” que não estão em Portugal.
A afirmação surge numa altura em que o Governo confirmou estar a preparar a reforma do Estado com técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Vamos ver se conseguimos maneira de - poupando o que se pode poupar, para garantir o que se tem de garantir - preservar este enorme benefício de ter um Estado que não deixa que ninguém fique desamparado. Tem de ser [possível]", frisou.
D. Manuel Clemente deixa votos de que “a democracia funcione, que funcione em pleno” e que as transformações no chamado Estado Social tenham “as melhores consequências”, sublinhando que essa é uma realidade “boa, que resolveu e resolve muitos problemas”.
“Partilho da preocupação de todos, antes de mais em perceber, em ver como é que terminam as tomadas de decisão”, precisou.
O prelado destaca, por outro lado, a força que adquiriram “instâncias que não são propriamente políticas nem votadas”, cujo rosto não é “assim tão patente”.
O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diz que, enquanto cidadão, pede que “deputados e governantes” façam com que “em tudo prevaleça o sentido de Estado”.
“A mesma coisa, depois, ao presidente da República, que terá a última palavra a dizer, com a verificação da constitucionalidade [do Orçamento de Estado], se for caso disso”, declarou.
Segundo o bispo e historiador, a situação presente configura-se como uma “nova situação” que é “estrutural” e não apenas “ocasional”.
Este responsável diz que a primeira reação a esta situação tem sido “compreensivelmente” emotiva, mas que é preciso refletir.
Associações sindicais e patronais, universidades e toda a sociedade portuguesa têm de perceber “quais são as possibilidades, os modelos”, sustenta.
“Há muito o sentimento, não só em Portugal, de que vai ter de ser de outra maneira para ser para todos. O que agora, de certa maneira, explodiu ou implodiu, dá para alguns”, prossegue o bispo do Porto.
D. Manuel Clemente observa, a este respeito, que “as desigualdades, que durante algumas décadas pareceram reduzir-se, hoje singraram outra vez”.
O bispo do Porto dá o exemplo dos “infoexcluídos” numa sociedade cada vez mais dependente das novas tecnologias.
“Quer em relação às desigualdades persistentes, quer às novas desigualdades, temos de fazer uma reflexão de conjunto, porque se trata da vida das pessoas”, complementa.
O prelado apela, por isso, a uma "grande solidariedade, no sentido mais ativo do termo", ultrapassando visões de grupo.
PR/OC

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