03/11/2012

É urgente uma sociedade «mais transparente e justa»


Na sessão de encerramento da iniciativa da Comissão Nacional Justiça e Paz, D. José Policarpo frisou que a «utopia cristã» leva os cristãos a «não desistir de um bem desejável, mesmo que demore muito tempo».

Ricardo Perna/Familia Cristã | D. José Policarpo
Lisboa, 03 nov 2012 (Ecclesia) – A necessidade de uma sociedade “mais transparente e justa” foi uma das conclusões da iniciativa, «Portugal: O país que queremos ser», promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) e realizada, hoje, em Lisboa.
No balanço final dos trabalhos, Maria do Rosário Carneiro, vice-presidente da CNJP sublinhou também que os portugueses “não podem ignorar” que fazem parte do “espaço comum”.
Na sessão de encerramento, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo frisou ainda que a “utopia cristã” leva os cristãos a “não desistir de um bem desejável, mesmo que demore muito tempo”.
Depois de colocar a tónica na antropologia, D. José Policarpo salientou que os “grandes sofrimentos foram sempre passos em frente na compreensão da sociedade”.
Neste contexto “é preciso uma convergência cada vez maior no mundo atual”, disse o cardeal-patriarca.
O general António Ramalho Eanes disse que a crise que se abateu sobre a sociedade deve-se a uma “globalização desregulada” e de “um capitalismo sem regras”
Na sua intervenção, o ex-presidente da República sublinhou também que a culpa da crise se deve à falta de “norte estratégico e de liderança” na Europa.
«A sociedade civil nas sociedades democráticas contemporâneas» foi o tema da reflexão do general Ramalho Eanes que pediu “a todos, e aos políticos em especial, para preservar e desenvolver a sociedade”.
Uma sociedade civil “atenta, responsável e exigente”, consegue “alterar grandes decisões políticas” quando exige a demonstração “da sua evidência” e exemplificou o caso do “aeroporto da Ota”.
O embaixador português Francisco Seixas da Costa denunciou, esta manhã, a “divinização do mercado”.
Na sua preleção, Francisco Seixas da Costa fez uma reflexão sobre a nota do Conselho Pontifício Justiça e Paz, organismo da Santa Sé, intitulada «Para uma reforma do sistema financeiro e monetário na perspetiva de uma autoridade pública de competência universal», onde sublinhou que o documento tem “claras críticas à aplicação abusiva do modelo liberal”.
“Caminha-se para uma verdadeira selva de natureza social”, frisou Francisco Seixas da Costa.
O constitucionalista José Gomes Canotilho considerou na sua intervenção sobre «O papel do Estado na realização do bem comum», que Portugal precisa de um “Estado inteligente” e não de um “Estado heroico”.
Gomes Canotilho apela ao Estado para que seja capaz de supervisionar e de “prever o futuro” a ser traçado.
No domínio da democracia participativa, o antigo ministro da justiça, Laborinho Lúcio realçou que existe um “alheamento da participação” e “a ausência dessa consciência de poder”.
A “abstenção” é um sintoma do nível de “alheamento do cidadão” em relação ao poder político, disse o constitucionalista.
LFS

Nenhum comentário :

Postar um comentário