03/11/2012

Republicanos pressionaram Obama a revelar detalhes do ataque



Quatro americanos morreram no ataque ao consulado em Benghazi (Líbia).

Da Agência Efe
O ataque ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, retornou com força como arma política contra o presidente Barack Obama, forçado a justificar às vésperas das eleições uma gestão que, segundo os republicanos, deveria custar sua reeleição.
Ataque ao consulado americano matou quatro americanos, incluindo o embaixador Chris Stevens. (Foto: Mohammad Hannon/AP)Ataque ao consulado americano matou quatro americanos, incluindo o embaixador Chris Stevens. (Foto: Mohammad Hannon/AP)
O "Benghazi-gate", como foram definidas as opacas explicações do governo americano sobre sua reação ao ataque contra seu consulado em 11 de setembro, perdera relevância nas últimas semanas da campanha, eclipsado pelo debate econômico e a cobertura midiática do ciclone "Sandy".
Passado o furacão, legisladores e ativistas republicanos pressionaram Obama para que revele antes das eleições de terça-feira tudo o que seu governo soube após o ataque, em uma tempestade política que obrigou a CIA e o Pentágono a darem detalhadas explicações.
Em uma rara entrevista coletiva realizada na quinta-feira, funcionários da CIA ofereceram um minucioso relato do que ocorreu na noite de 11 de setembro, incluindo a revelação de que a agência demorou apenas 25 minutos para comparecer ao consulado desde que recebeu o alerta sobre o ataque.
A entrevista coletiva, na qual também se revelou que dois dos quatro americanos falecidos, Tyrone Woods e Glen Doherty, eram agentes da CIA que acudiram ao resgate, foi convocada em parte para refutar uma informação da cadeia conservadora "Fox News", segundo a qual os agentes de inteligência tinham instruções de "não fazer nada" após o ataque.
Mas também aconteceu um dia depois de vários senadores republicanos terem pedido a Obama que comentasse, antes das eleições, "a crescente percepção de muitos eleitores de que seu Governo fez um esforço coordenado para distorcer os fatos".
Assim se pronunciou o candidato republicano à Presidência em 2008, John McCain, em carta à Casa Branca assinada também pelos senadores Lindsey Graham, Kelly Ayotte e Ron Johnson. O senador Marco Rubio também se queixou publicamente, enquanto o congressista Darrell Issa enviou uma carta cobrando explicações da secretária de Estado, Hillary Clinton.
Em entrevista coletiva em Washington na sexta-feira, o analista Jeffrey Steinberg assegurou que Obama "fará tudo o que estiver ao seu alcance para que haja um silêncio absoluto sobre o que verdadeiramente aconteceu até depois das eleições".
O discurso de Steinberg coincidiu com as versões dos legisladores republicanos, para quem o governo "sabia perfeitamente o que estava ocorrendo" e escolheu "encobrir" que se tratava de um ato terrorista.
A mudança do relato oficial, que durante duas semanas atribuiu o ataque a "protestos espontâneos" devido a um vídeo antimuçulmano e depois o atribuiu a militantes possivelmente vinculados à Al Qaeda, levantou suspeitas de que Obama não queria reconhecer um ataque terrorista tão perto das eleições.
Para o especialista nas relações entre Estados Unidos e Líbia Frederic Wehrey, a razão pela qual o governo "enviou mensagens confusas" foi a multiplicidade de informações nas primeiras horas e a evidência de que "não se tratava de um ataque clássico da Al Qaeda".
"Não vi nenhuma prova de que estivessem tentando enganar deliberadamente o povo", disse à Agência Efe Wehrey, analista do Centro de Estudos Carnegie Endowment for International Peace.
Opinião igual tem Michael O'Hanlon, do Centro de Estudos Brookings, que lembrou à Efe que no calor do ataque "alguns suspeitaram de um ataque terrorista, na CIA e em outros lugares, mas muitos outros não estiveram de acordo e houve uma discussão interna".
Segundo Wehrey, há "definitivamente uma agenda política" nas acusações de encobrimento, e o assunto só poderá ser esclarecido quando o governo concluir sua investigação oficial, algo que, segundo o Departamento de Estado, não acontecerá até meados de dezembro.
A três dias das eleições, os ataques contra Obama por conta do ataque na Líbia persistem por parte de praticamente todos os republicanos, à exceção de um: o candidato à Presidência pelo partido, Mitt Romney, que, após cometer um erro ao falar sobre o tema no segundo debate presidencial, optou por deixá-lo de fora de seus discursos.

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