01/12/2012

Palestina reconhecida na ONU

O Público
A Palestina - território ocupado por colonatos e governado por facções rivais ganhou, na ONU, estatuto igual ao do Vaticano. A data é simbólica: há 65 anos nascia Israel.
No dia 29 de novembro de 1947, "o Estado de Israel foi criado através de uma guerra; em 29 de novembro de 2012, o Estado da Palestina poderá nascer da paz", comenta Gershon Baskin, o ativista judeu que tem no seu celular os números de Benjamin Netanyahu e do Hamas".
"Todos, incluindo Israel, deveriam apoiar a proposta de resolução que fará da Palestina ‘Estado observador não-membro' (e não apenas ‘entidade observadora') da Assembleia-Geral da ONU", acrescenta o fundador e vice-presidente do Israel/Palestine Center for Research and Information.
Com o estatuto de "Estado observador" - até agora exclusivo do Vaticano -, a Palestina já pode solicitar admissão em outras instituições da ONU e abrir processos por crimes de guerra contra líderes israelitas junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e do Tribunal Penal Internacional em Haia (TPI), em casos de violação de direitos humanos. O Reino Unido prometeu abster-se na condição de que Abbas não exigisse a condição de poder requerer o acesso ao TIJ em caso de violação de direitos humanos e assim poder reatar as negociações com Israel.
Apesar do simbolismo que uma votação esmagadora possa representar, e mesmo que reconheça um Estado da Palestina nas atuais áreas A e B (sob controle exclusivo palestino e sob domínio de ambas as partes, respectivamente), Israel continuará a ser, segundo as leis internacionais, uma "potência ocupante".
O jornalista ligado à direita israelita, Rosner diz que o resultado da votação pode ter vários significados. "Pode ser que os países europeus estejam cansados de Israel arrastar os pés; que os diplomatas decidiram que o único meio de avançar com um processo de paz saudável e frutífero, a única maneira de construir um Estado palestino viável é elevar o estatuto palestino na ONU". Pode ser uma forma de "censurar Israel, envergonhar os EUA, abanar o barco e dar a Abbas algum progresso".
No entanto, adverte Rosner, também pode significar que "o mundo está cansado do processo de paz", que "os europeus já não querem gastar mais dinheiro com os palestinos [este ano, a Comissão Europeia ofereceu mais 100 milhões de euros] e que os EUA ficam sozinhos, porque são os únicos capazes de manter unidas ambas as partes" em negociações infindáveis.
Em relação aos EUA, Rosner acredita que ficarão mais isolados no apoio a Israel. Outro analista, Munayyer, diz que "o fracasso" das políticas dos EUA deve-se ao fato de se basearem "na assunção de que que o hard power da América, através do apoio a Israel e a outros governos do Oriente Médio, pode abafar as queixas populares".
"A paciência dos palestinos diminuiu à medida que o número de colonos triplicou entre o início do "processo de paz" em 1991 e o presente", salientou Munayyer. Para os palestinos, a promessa de soberania subjacente ao processo de paz "foi feita ou de má-fé ou era uma mentira descarada". E a política dos EUA levou a que o processo de paz fosse igualmente visto como "uma mera cobertura para uma infindável colonização por parte de Israel".
"Vivemos numa grande prisão; Gaza é uma grande prisão, a Cisjordânia é uma grande prisão; Jerusalém é uma grande prisão - todos os lugares [na Palestina] são uma grande prisão", lamentou Masri, presidente da Palestine Development and Investment Company (Padico), que representa ¼ de toda a economia palestina. "Estes não são os valores da religião judaica. Eles [judeus] têm bons valores e espero que respeitem esses valores em relação aos [palestinos]. Não podemos viver sob uma ocupação durante toda a nossa vida. Vamos sentar-nos, falar e ouvir as aspirações e necessidades de cada uma das partes."
Fonte: www.publico.pt

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