12/01/2013

Comentário ao Evangelho Festa do Batismo do Senhor - 13 de janeiro

Batizado torna-se herdeiro do Paraíso


O banho sagrado, que nós cristãos chamamos batismo, era usança em muito povos antigos. Na Babilônia, na Índia, no Egito, na Grécia, e em vários outros povos, havia estes banhos sagrados que, acreditava-se, purificavam as pessoas de impurezas legais ou rituais. Em certos casos, pensava-se mesmo que tais banhos poderiam conferir a imortalidade. E havia mesmo, em certos sítios, os banhos sagrados em que o agente purificador era o sangue. No Antigo Testamento, proliferaram as situações em que era necessário purificar-se com água para se ficar legalmente puro. Depois veio João Batista que pregava e administrava um batismo de água que levava o batizando a provocar em si próprio o arrependimento dos pecados para assim receber de Deus a justificação. 

O próprio João Batista admitia que há uma diferença enorme entre o batismo com água que ele administrava e o batismo que Cristo trazia à humanidade: Jesus batizará no «Espírito Santo e no fogo». Este Batismo no Espírito Santo e no fogo será inaugurado no dia de Pentecostes. Por este batismo, o Espírito Santo estabelece a sua presença ativa no batizando. Durante o batismo de Jesus, esse aspeto é claro: o Espírito desce sobre Jesus homem, facto que explicita a intronização messiânica de Jesus, que dá início à sua missão no meio do povo de Deus. A expressão ‘Batismo no fogo’ refere-se às línguas de fogo pousadas sobre os apóstolos no momento de Pentecostes, e mostra a purificação interior que tem lugar na alma do pecador: é um facto que o fogo destrói muitas impurezas perigosas para a saúde, e dá um calor, uma coragem extraordinária de fidelidade a Deus e de amor ao próximo que tem o seu apogeu no martírio.

Todo o cristão é um batizado no Espírito de Deus e no fogo do Espírito Santo. E o batismo une o cristão batizado à morte de Cristo (morre o corpo como instrumento de pecado); une-o à sepultura do Senhor Jesus (a imersão ou lavagem da água une-nos à sepultura de Cristo), e à sua ressurreição e glorificação: o batizado, morrendo com Cristo, imergido na sepultura e recebendo a nova vida de Cristo ressuscitado, é uma criatura nova. A água do batismo que toca no corpo do batizando significa o sangue de Cristo que lava o pecado. Por tudo isto, cada batizado torna-se pertença, propriedade exclusiva de Cristo. Fica unido a todos os outros cristãos que receberam a mesma qualidade de vida, a vida de Cristo ressuscitado, e membro de pleno direito da Igreja, esposa de Cristo. 

Torna-se herdeiro do Paraíso que Cristo comprou com o pagamento do seu sangue, e templo vivo da Santíssima Trindade. Todos estes direitos do novo cristão estão também ligados ao dever sagrado que tem cada cristão de viver a vida de Cristo segundo o compromisso assumido no batismo; e de ser testemunha de Cristo em tudo e em toda a parte, sempre a preparar nos outros, como João Batista, o caminho que Jesus percorre para entrar e viver em cada ser humano. O cristão é agora um filho/filha querida de Deus, a quem Deus no batismo chamou «meu filho/minha filha muito amada», como se ouviu no rio Jordão a quando do batismo de Cristo. Por isso o batismo confere ao ser humano a maior dignidade que pode o coração humano desejar ou alcançar.


Fátima Missionária

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