11/01/2013

Crise atinge refugiados e exige novas soluções


Presidente do Conselho que acompanha esta população fala em «descontentamento» generalizado

OC/Agência ECCLESIA | Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas
Lisboa, 10 jan 2013 (Ecclesia) – A presidente da direção do Conselho Português para os Refugiados (CPR) revelou que o descontentamento provocado pela falta de soluções para esta população está a crescer no país.
“Sou testemunha de que os refugiados em Portugal não estão satisfeitos, há um descontentamento generalizado que não podemos ignorar”, referiu Teresa Tito Morais em entrevista hoje publicada na edição digital do Semanário ECCLESIA, a propósito do 99.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado que a Igreja Católica vai celebrar no domingo.
Segundo a responsável, a crise económica está a agravar a situação, “porque a maior felicidade para um refugiado é tornar-se independente”.
“Ao contrário do que a opinião pública muitas vezes pode pensar, os refugiados não pretendem ser apoiados indefinidamente e viver à custa do país que lhes deu asilo. Eles pretendem é ter condições para que possam exercer as competências que trazem ou adquiriram, oportunidades válidas de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do país que os acolheu”, explica.
Teresa Tito Morais revela que no final de 2011 se começou a desenhar “um grande fosso” entre as estruturas que acompanhavam os refugiados, particularmente a Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e o CPR, “que se viu confrontado com as pessoas que já cá estavam há mais tempo e com novas entradas”.
Nesse sentido, está a ser desenvolvida um novo projeto para a integração dos requerentes de asilo com autorização de residência provisória, que passa por “uma descentralização, noutros pontos do país onde possa haver mais oportunidades de trabalho”.
A líder do CPR, constituído em 20 de setembro de 1991, diz que há um caminho “muito grande a fazer” por causa da confusão entre “o imigrante económico e o refugiado”.
“Os refugiados estão numa situação extrema, porque não foi uma decisão pensada, foram forçados a fugir do país. Essas condicionantes determinam uma situação muito traumatizante, emocionalmente”, sublinha.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), dirigido pelo português António Guterres, havia em 31 de dezembro de 2011 mais de 26 milhões de deslocados internos em todo o mundo, enquanto o número de refugiados formalmente reconhecidos pela Convenção de Genebra de 1951 (pessoas que atravessaram fronteiras internacionais) era de 15,2 milhões.
Teresa Tito Morais diz que estas são pessoas “extremamente vulneráveis” que precisam de uma “atenção especial”, e lamenta que Portugal ainda seja um país com poucos refugiados: em 2012, o total de requerentes acolhidos não chegou a 300 e não foi preenchida a quota de reinstalação (30 pessoas).
“Há questões que têm de ser melhor conduzidas de maneira a proporcionar maior envolvimento das estruturas administrativas numa primeira fase, eu diria no primeiro ano, em que estas pessoas chegam e se querem integrar no nosso país”, observa.
As principais atividades do CPR dividem-se entre a sede, em Chelas (Lisboa), onde funciona o Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas, e o Centro de Acolhimento para Refugiados na Bobadela (Loures).
OC

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