Paulo Roberto Cândido*
Infelizmente estamos lamentando mais uma tragédia
anunciada em nosso País. A partir do momento em que não se respeitam
planos de segurança, capacidades máximas dos ambientes,
manejo adequado de materiais de artifício e acima de
tudo, a vida humana que não foi feita para dar
lucros aos cofres e sim à sobrevivência de todas as espécies existentes
no Planeta, teremos que aguardar sempre, com
inércia, os próximos sinistros que ceifarão as vidas que irão para
os outros Planos e também aquelas que permanecerão na terra, chorando
lágrimas de dor e de saudade.
As mídias, talvez, estejam
atrasadas no processo de discutir segurança,
ética e responsabilidade em uma
sociedade totalmente desconectada da rede dos
valores morais edificantes. Arvoram-se em conquistar
audiência, numa verdadeira disputa de conexão com os horrores de um
incêndio ocorrido no interior de uma
boate. Até mesmo um apresentador
de televisão,
habitualmente interessado em
"vídeocacetadas", resolve falar sério,
em tom de crítico social, cobrando agora mais atenção
de todos com as regras de segurança, depois
que a tragédia se estampou em todas as manchetes do mundo. Será que no auditório de onde ele apresenta seu programa, estas regras estão sendo respeitadas? Será que existem saídas de emergências devidamente sinalizadas para um caso de necessidades urgentes? Não sei o que sei é que os programas da nossa televisão tocam fogo, diariamente, em nossos corações, para iluminar todas as sombras que trazemos na alma. Neste caso, iluminar sombras significa fazer brilhar os nossos instintos de imperfeições. Novelas mostrando o mal, filme enaltecendo a violência, telejornais tornando comum a nossa indiferença diante de assassinatos, corrupções, traições, etc. Jovens telespectadores bombardeados sem censura, com todos os matizes de uma programação, que na sua grande essência, só transmite e retransmite as ondas da má cidadania. Ainda bem, que vez ou outra alguém tem a coragem de produzir sem pensar em lucros. É só perseverar e acionar o controle remoto em busca destas preciosidades televisivas.
O fato é que a humanidade sequer dá conta do que é
a vida, de que forma vamos, então, instigar a
sociedade para adotar ações que não antecipem a
morte? Ela, às vezes, convida muitos jovens para as baladas, aproveitando que
eles estão interessados mais nos estímulos do que nas consciências.
Quem se preocupa com quantidade de gente no recinto? Quem quer saber de
porta de emergência ou extintor de incêndio carregado?
Quem está a fim de parar de curtir a música e o embalo para
investigar plano de segurança? O certo é que depois que uma tragédia acontece é
que as autoridades, os comunicadores, o povo em geral, começam
a refletir sobre a prudência e a responsabilidade.
Esperamos que haja um incêndio nas
consciências, para que elas aqueçam os pensamentos de
comunhão, de solidariedade, de atenção com a vida e de respeito ao
próximo. Que o fogo da conscientização se alastre entre os poderes
constituídos, entre as mentes sociais e entre todas as estruturas encarregadas
de manter a ordem, a paz, a justiça e o futuro, em perfeita harmonia com
a segurança.
*Escritor, advogado e membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza
- AMLEF, Cadeira 29
- AMLEF, Cadeira 29
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