Padre Geovane saraiva*
Páscoa é a vitória da vida sobre a
morte, trazendo a esperança e a grande oportunidade para a criatura humana
assumir uma vida nova, uma vida diferente. Na Igreja, “memória”, “presença” e
“profecia” é um trinômio que só se compreende a partir da Páscoa, tendo o
Senhor Ressuscitado como o centro.
Nós cristãos, que
moramos nesta cidade de Fortaleza, devemos ter uma ação concreta, que responda
aos anseios de todos os que aqui vivem. Dom Aloísio, na carta pastoral sobre o
uso e a posse do solo urbano de 31.05.1989, afirmava: “A cidade deve ser para o
homem e não o homem para a cidade. Deve ser um espaço de convivência solidária
para todos os que nela moram, convivência que seja resultante da convergência
de esforços para tornar a cidade mais humana e também cristã” – uma cidade, de
verdade, mais pascal.
A Páscoa deve ser
um processo que se realiza e que acontece, através do compromisso ético, na
ação pastoral, no trabalho, no convívio social e nas mais diferenciadas
atividades das pessoas que t6em fé e que acreditam no futuro da humanidade e
que “O Cristo, Nossa Páscoa”, com toda sua força, renova e deixa repleta de
graça a face da terra, concretamente na nossa cidade de Fortaleza.
Em 1968, os bispos
da América Latina, reunidos na 2ª Conferência de Medellín, Colômbia que, na
abertura, contou com a presença do Papa Paulo VI, comprometeu-se que mostrariam
ao mundo o rosto de uma Igreja pascal, querendo dizer ao mundo que ela era
capaz de caminhar com a humanidade, peregrina e missionária na história,
querendo concretamente libertar o seu povo e ser sinal do Reino de Deus e do
seu projeto de amor (cf. Medellín, 5, 15).
Em Medellín,
“libertação” era a palavra chave e a mais importante. O grande desafio de todos
nós é apresentar ao mundo hodierno, sinais de que somos cristãos apaixonados
pelo projeto pascal de Jesus, e que “não se constrói sem sacrifício, sem
renúncia de si mesmo, sem cruz” (Cardeal Lorscheider).
A liturgia da
Páscoa (Vigília Pascal), no dizer de Santo Agostinho, é a “Mãe de todas as
celebrações” que, com seus ritos antigos, com toda sua beleza, sua profundidade
poética e ao mesmo tempo profética, deve nos estimular e desafiar. Ficar só no
rito, seria muito triste ao coração de Deus.
A Páscoa deve ser
um grito, um clamor, um anúncio e a proclamação, numa só fé, da busca de um
mundo novo que tem seu início na esperança e no amor de Deus, que quer a pessoa
humana realizada e de bem com a vida. Quando é que teremos uma Igreja
verdadeiramente pascal? Somos desafiados a construir essa Igreja, pela força e
graça, que nasce da Páscoa.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, escritor, Membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza.
Pároco de
Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara);
“A
Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom
Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).
Nenhum comentário :
Postar um comentário