06/01/2013

O Rosto Pascal da Igreja



Padre Geovane saraiva*
Páscoa é a vitória da vida sobre a morte, trazendo a esperança e a grande oportunidade para a criatura humana assumir uma vida nova, uma vida diferente. Na Igreja, “memória”, “presença” e “profecia” é um trinômio que só se compreende a partir da Páscoa, tendo o Senhor Ressuscitado como o centro.

Nós cristãos, que moramos nesta cidade de Fortaleza, devemos ter uma ação concreta, que responda aos anseios de todos os que aqui vivem. Dom Aloísio, na carta pastoral sobre o uso e a posse do solo urbano de 31.05.1989, afirmava: “A cidade deve ser para o homem e não o homem para a cidade. Deve ser um espaço de convivência solidária para todos os que nela moram, convivência que seja resultante da convergência de esforços para tornar a cidade mais humana e também cristã” – uma cidade, de verdade, mais pascal.

A Páscoa deve ser um processo que se realiza e que acontece, através do compromisso ético, na ação pastoral, no trabalho, no convívio social e nas mais diferenciadas atividades das pessoas que t6em fé e que acreditam no futuro da humanidade e que “O Cristo, Nossa Páscoa”, com toda sua força, renova e deixa repleta de graça a face da terra, concretamente na nossa cidade de Fortaleza.

Em 1968, os bispos da América Latina, reunidos na 2ª Conferência de Medellín, Colômbia que, na abertura, contou com a presença do Papa Paulo VI, comprometeu-se que mostrariam ao mundo o rosto de uma Igreja pascal, querendo dizer ao mundo que ela era capaz de caminhar com a humanidade, peregrina e missionária na história, querendo concretamente libertar o seu povo e ser sinal do Reino de Deus e do seu projeto de amor (cf. Medellín, 5, 15).

 Em Medellín, “libertação” era a palavra chave e a mais importante. O grande desafio de todos nós é apresentar ao mundo hodierno, sinais de que somos cristãos apaixonados pelo projeto pascal de Jesus, e que “não se constrói sem sacrifício, sem renúncia de si mesmo, sem cruz” (Cardeal Lorscheider).

A liturgia da Páscoa (Vigília Pascal), no dizer de Santo Agostinho, é a “Mãe de todas as celebrações” que, com seus ritos antigos, com toda sua beleza, sua profundidade poética e ao mesmo tempo profética, deve nos estimular e desafiar. Ficar só no rito, seria muito triste ao coração de Deus.

A Páscoa deve ser um grito, um clamor, um anúncio e a proclamação, numa só fé, da busca de um mundo novo que tem seu início na esperança e no amor de Deus, que quer a pessoa humana realizada e de bem com a vida. Quando é que teremos uma Igreja verdadeiramente pascal? Somos desafiados a construir essa Igreja, pela força e graça, que nasce da Páscoa.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.
Pároco de Santo Afonso

Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

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