31/01/2013

Ser testemunha do projeto de Jesus

Comentário ao Evangelho do Quarto Domingo Comum – 3 de fevereiro


Perante a solenidade da leitura feita por Jesus do texto de Isaías, o evangelista apresenta a reação ao seu anúncio. O texto serviu a Lucas para apresentar o programa de vida de Jesus, mas agora temos as primeiras reações. 

«Mixed feelings» 
Os ingleses têm uma expressão muito interessante, quando falam de «mixed feelings», literalmente «sentimentos misturados»: expressão que lhes serve para dizer que algo os deixa com sentimentos contrários. Na verdade, é o que acontece neste episódio. Ao concluir a leitura e com os olhos de todos fixos nele, Jesus afirma que a leitura que proclamou, e que todos escutaram, acabava de realizar-se. Com esta afirmação, Jesus compromete-se a ser o realizador das promessas divinas. As reações não se fazem esperar. Temos antes de mais os que davam testemunho favorável e ficavam admirados com as sábias palavras. Mas de imediato surge a pergunta: «Não é este o filho de José?». Por outras palavras: «Quem pensa de ser para falar assim?» Expressões tão presentes nos nossos círculos. Os habitantes de Nazaré apesar de uma certa simpatia pelas palavras de Jesus, não conseguem «ver» quem, de verdade, é este Jesus; para eles é apenas o «filho de José». Não vão para além do superficial, e isso é insuficiente para aderir ao projeto do Reino. Como é o meu conhecimento de Jesus? Profundo ou superficial? 

Religião de interesse 
A acusação a Jesus não se fica no ser «apenas o filho de José», mas querem que Jesus lhes ofereça alguma «vantagem», pois são da mesma terra. O seu desejo é que Jesus faça coisas por eles, querem que Jesus faça o que fez em Cafarnaum, ou seja querem «aproveitar-se» de Jesus. Este pedido da parte dos habitantes de Nazaré pode ser útil para rever a nossa relação com Jesus, tantas vezes marcada por este constante pedir a Jesus, sempre em benefício próprio. 

Ninguém é profeta na sua terra 
Confrontado com o pedido dos conterrâneos, Jesus recorda-lhes a escritura, citando dois exemplos de profetas enviados a «beneficiar» estrangeiros. Os habitantes de Nazaré consideram isso escandaloso ou ousado. A resposta não se faz esperar... Apesar de estarmos ainda no início do evangelho, parece já ficar claro qual será o fim de Jesus. Os seus próprios conterrâneos procuram o jeito de o eliminar. Com este episódio, o evangelista começa a dar sinais da cruz que acompanhará Jesus ao longo da sua caminhada. No entanto, Jesus mostra-se mais poderoso e, sem medo, passa adiante de todos, prosseguindo o seu caminho. Há também aqui uma alusão à vitória final de Jesus na sua ressurreição. Ser discípulo de Jesus é ser testemunha da sua mensagem e do seu projeto, mas essa missão é marcada pela incompreensão e adversidade, que o discípulo, à semelhança do Mestre, deverá ser capaz de ultrapassar, certo de que a vitória final lhe caberá em sorte.


Fátima Missionária

Nenhum comentário :

Postar um comentário