CAMILA BEZERRA]
Incontáveis foram as vezes em que Goreth Bezerra agradeceu. A Deus, aos amigos, aos desconhecidos em oração constante, aos dois filhos vivos e aos momentos compartilhados com a primogênita durante 22 anos. A manhã deste sábado, 16, foi de recomeço para uma mãe que viveu 46 dias de angústia por conta da morte misteriosa de Camila. A modelo foi encontrada no pátio do condomínio onde morava em Guangzhou (China) em 1º de janeiro. O enterro demorou devido a trâmites burocráticos internacionais e só aconteceu após o Governo do Ceará arcar com as despesas de traslado. R$ 55 mil ao todo. O sepultamento ocorreu no cemitério Jardim Metropolitano, no Eusébio.
Foto: Mauri Melo
Cerca de 300 pessoas acompanharam a missa de corpo presentoe e o sepultamento da modelo cearense. Cerimônia demorou 46 dias para acontecer |
Após o governo cearense bancar as despesas de traslado do corpo da modelo, o sepultamento ocorreu na manha deste sábado. A mãe, Goreth, novamente descartou a tese de suicídio e aproveitou para fazer um apelo aos pais que autorizam a ida das filhas para o Exterior
Tudo da jovem tornou-se memória. Um novo tipo de amor. “Ela era uma menina muito meiga. Agora... só outra Camila”, recordava o avô paterno Luís Gonzaga Sales, 82. “Sempre estávamos juntas nos desfiles. Ela tinha uma aura boa”, lembrava a também modelo Anastácia Duarte.
Por isso e pela visão otimista que Camila tinha da vida, a possibilidade de suicídio - como aponta o governo chinês - é descartada por amigos e familiares. Laudos feitos pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) devem sair em até 10 dias e apontar a causa da morte. “Minha filha, uma pessoa cristã, não faria isso! O que a China diz não convence. Ela era cheia de sonhos. Mas sempre falava que o mundo da moda tinha muita inveja. Pedia para eu orar por ela. Alguém fez alguma coisa com ela, porque no corpo não tinha álcool, droga, nada. Vamos esperar os laudos pra correr atrás do que houve”, revelou a mãe, ao receber uma carta de um ex-professor da modelo.
O escrito era de Camila. Datava de 2010 e fora encontrado pelo educador um dia depois da missa de sétimo dia. Jamais havia sido lido. Falava da necessidade de mais policiamento e segurança. E da crença em anos alegres. “Ela tinha uma alma maravilhosa. Sempre foi carinhosa. O otimismo de Camilinha...”, citava Antero Macêdo.
Assim como o professor, boa parte das cerca de 300 pessoas que acompanharam o sepultamento usava camisa branca com uma foto da jovem. Ela sorria. Para a despedida, recebera uma coroa de flores na cabeça. “Tudo a gente fazia juntas. Ela era muito mais do que tudo”, explicava Goreth, já com uma certeza: “no domingo após o que aconteceu, me encontrei só, orando. Perguntei a Deus se ela já estava ao lado Dele. Uma ventania e um cheiro de rosas invadiu meu apartamento. Foi quando me convenci.”
A mãe fez um único reclame. “Há agências que mentem! A da Camila (Jimmy Models) nunca entrou em contato (depois da morte). Então, pais, prestem atenção às filhas de vocês! Procurem a Polícia e busquem referências! Vocês não sabem o que acontece com elas lá fora.”
A despedida era mistura de dor e alívio. O caixão branco só foi descoberto pela bandeira do Brasil no sepultamento. “Eu faria tudo para trazer minha filha e Deus trouxe. E ela vai ser enterrada aqui, como queria. Obrigado, Senhor! Minha filha, agora, vai descansar.”
ENTENDA A NOTÍCIA
Novos laudos que saem em até dez dias devem apontar a causa da morte de Camila. Eles podem confirmar a tese chinesa do suicídio ou indicar outro motivo. Quando estiverem prontos, serão enviados à China.
Saiba mais
A modelo cearense Camila Bezerra, 22, foi encontrada morta no dia 1º de janeiro, na província de Guangzhou, na China. Uma amiga teria encontrado o banheiro revirado ao acordar e visto o corpo caído do lado de fora do prédio. Na noite anterior, Camila havia saído para comemorar o Réveillon. A modelo estava na China há seis meses e já havia trabalhado na Ásia. O Governo do Ceará custeou o traslado do corpo e dos objetos pessoais da modelo.
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