23/02/2013

Número de leitos vai dobrar no próximo ano


Em todo o Ceará, o procedimento pelo SUS só é feito no HUWC, onde existem apenas quatro vagas

Larissa Pontes, de 7 anos, é compatível com a irmã, Ana Cecília, que sofre de leucemia. No entanto, faltam vagas para o transplante de medula Foto: JL ROsa

Quem tem o diagnóstico de leucemia e precisa de transplante de medula óssea alogênico - aquele feito entre pessoas diferentes - no Ceará, precisa se deslocar para o Sudeste. No Norte e Nordeste, não é possível fazer esse tipo de procedimento. Até mesmo quando o paciente já tem doador compatível, o transplante pode não acontecer nem mesmo no Sudeste, porque pode não haver vaga disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

No Estado, só é feito transplante de medula óssea autólogo - quando se retira medula ou células-tronco na corrente sanguínea do próprio paciente. O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) é o único a realizar o procedimento pelo SUS, mas só há quatro leitos disponíveis. Esse número deverá dobrar após a reforma da unidade de saúde, que terá as obras iniciadas neste mês. "Em 2013, estaremos com oito vagas", anuncia o chefe de hematologia e transplante de medula óssea da unidade e do banco de cordão umbilical do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Fernando Barroso.

Como o paciente não pode esperar para se submeter à cirurgia, já que existe o risco de o câncer voltar e impossibilitar o transplante, muitas pessoas têm recorrido a clínicas particulares, onde o transplante pode custar R$ 600 mil ou mais.

Em Fortaleza, houve um acréscimo de 52% no número de transplantes de medula óssea entre 2011 e 2012. No ano passado, foram 26 procedimentos realizados e em 2011, 17. Esse aumento, de acordo com Barroso, se deu por conta do aumento no número de leitos. "Em 2011, tínhamos dois e, em 2012, ampliamos para quatro. A nossa equipe também cresceu. Em 2008, eram três médicos e agora, são sete", destaca.

Caso o paciente seja obrigado a se submeter a um transplante alogênico de medula óssea, a recomendação é que espere por uma vaga no Sudeste, única região que disponibiliza esse tipo de tratamento. "No Sudeste, existem mais de 40 centros que fazem esse tipo de transplante pelo SUS, mas, como as vagas são escassas, muitos pacientes recorrem à rede particular".

Luta

Esse é o caso da menina Ana Cecília Pontes, de 4 anos. Há dois, ela luta contra a leucemia e está em São Paulo, à espera do transplante. De acordo com a avó da menina, a técnica de segurança do trabalho Lísia Pontes Nobre, o único entrave para a realização do procedimento é a não existência da vaga coberta pelo SUS. "Soubemos ontem que a Ana Cecília está apta para fazer o transplante e nós temos uma doadora compatível, que é a irmã dela, Larissa, de 7 anos. Só que não tem vaga pelo SUS e a previsão é que só haja essa vaga no fim do mês que vem".

Ana Cecília não pode esperar porque a leucemia pode avançar e impossibilitar a cirurgia. "Em dezembro, nós aguardamos mais de um mês por uma vaga e tivemos que retomar o tratamento, porque o câncer avançou", destaca a avó.

Como não há vaga nos centros públicos de referência no tratamento da doença, os pais de Ana Cecília entrarão na Justiça, para pedir alguma cobertura pelo plano de saúde e, paralelamente, estão fazendo várias campanhas nas redes sociais para arrecadar dinheiro para financiar o procedimento. "Nem se nós vendêssemos tudo o que temos, que não é muito, conseguiríamos o valor pedido pela cirurgia, que é de R$ 600 mil", explica Lísia.

Campanhas na internet dão apoio

As campanhas na internet para conseguir recursos para a realização de transplantes de medula óssea em outros Estados têm se tornado comuns, especialmente nas redes sociais. O cearense Miguel Siebra, de 1 ano e 7 meses, fez o transplante de medula no último dia 5, em clínica particular, em Curitiba, porque o SUS não tinha vagas. O menino foi diagnosticado com leucemia, porque teve dengue hemorrágica com apenas 8 meses e, em consequência disso, precisava do procedimento.

Para conseguir o dinheiro, a família da criança fez várias campanhas nas rádios, televisões e redes sociais e, assim, juntou o dinheiro necessário para fazer o transplante.

Já em outubro de 2012, a família do piauiense Caio Rodrigues, de 4 anos, também fez campanha nas redes sociais e conseguiu o dinheiro para o transplante no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Na época, o movimento chegou a ser o terceiro assunto mais comentado do Brasil no Twitter e, em poucos minutos, chegou a ser o segundo no ranking do microblog.

Na rede social, celebridades, como Preta Gil, Fafá de Belém e Adriane Galisteu aderiram à campanha, passando também a pedir que o plano de saúde cubra as despesas do tratamento do pequeno Caio.

Movimento Luíza

Em maio de 2012, após três meses de luta contra leucemia, Luíza Ramos, de 9 meses, faleceu, no Centro Pediátrico do Câncer do Hospital Albert Sabin (Hias), em Fortaleza.

O bebê tinha leucemia e passou por sessões de quimioterapia, mas precisava do transplante de medula. Nenhum dos dois irmãos de Luíza eram compatíveis para a doação.

Após a morte da menina, no dia 11 de maio, a mãe dela, Manuela Ramos, se uniu com pessoas na mesma situação e fundou o Movimento Luiza, que faz reuniões e ações para ajudar outras crianças com a doença.

KELLY GARCIA
REPÓRTER

Mais informações:

Para ajudar Ana Cecília

Ítalo Bismarck Freitas Malveira

Banco do Brasil

Conta corrente: 1541-5

Agência: 3777-x

CPF: 018.713.064-77

www.facebook.com/VamosAjudarACecilia 


Diário do Nordeste

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