05/03/2013

Santidade na oração e no trabalho


Padre Geovane Saraiva*
        Comemoramos neste dia 11 de Julho São Bento. Bento quer dizer benção, quer dizer bendizer, abençoar. Toda benção vem de Deus, Senhor da vida, da história e da criação e dele depende a pessoa humana, os animais, a natureza e toda realidade que existe no universo (cf. Gn 1, 22ss). Benção é considerada como uma manifestação da força divina e que passa de pai para filho, pela palavra transmitida e mesmo pelo gesto das mãos. Olhemos para Jesus em chamar para si as crianças e as abençoar (cf. Mc 6, 41).

      É por aí que devemos olhar para São Bento. Ele nasceu em Úmbria, na Itália  (480-547). Estudou na cidade eterna e tornou-se uma figura humana extraordinária, que marcou e influenciou em profundidade os destinos da humanidade, ao escolher o Senhor por sua herança e sua taça, consciente de que lhe coube por sorte uma boa parte; sim, o mais belo e o que há mais maravilhoso, a eternidade (cf. 15, 5).

      Bento vai para a gruta de Subiaco, reunindo um grupo de fiéis seguidores, com o desejo viverem a partir do Evangelho, fazendo uma rica experiência do amor de Deus, indo mais tarde para o Monte Cassino. Não existia até então na Europa, ao contrário do Oriente, instituições com uma força mística dessa natureza. São Bento sentiu-se inspirado e motivado para a contemplação e o tempo de solidão naquele lugar apropriado e sagrado, Subiaco, foi preciosíssimo e fundamental no seu projeto de vida, à luz da Palavra de Deus.

      São Bento deixou para trás sua casa, seus bens e sua família, com uma única vontade: experimentar e fazer a vontade de Deus, buscando um estilo de vida e de santidade, pela oração e pelo trabalho, que escolheu como lema: “ora et labora”, tornando-se um cristão por excelência, na compreensão da Palavra de Deus, convicto de que a mesma tinha que ser vivida em profundidade na comunidade.

       O Monte Cassino foi o local sagrado e de fato próximo da glória de Deus. Lá construiu o histórico mosteiro e escreveu a sua regra de vida, difundida em muitos países da Europa, valendo o título de patriarca do monaquismo do Ocidente.  “O Deus, que fizestes o abade São Bento preclaro mestre na escola do vosso serviço, concedei que, nada preferindo ao vosso amor, corramos de coração dilatado no caminho dos vossos mandamentos” (Missal Romano, p. 616).

      No cume de um lugar santo e abençoado, lugar de Deus (cf. Mt 5, 1ss), edificou o Mosteiro, considerado um centro de irradiação da vida monástica, na contemplação, na oração e na meditação, realizou o sonho ideal da vida consagrada, vivendo em comunidade a Palavra de Deus, sob o comando de um mestre espiritual, o abade. Esse jeito de viver cresceu de tal modo, que duzentos anos mais tarde, a regra São Bento vigorava em toda a Europa, eliminando praticamente todas as demais formas de vida consagrada.

      São Bento foi e continua sendo uma benção e um patrimônio para todos nós cristãos. Que ele nos inspire, na nossa realidade atual, com seus desafios e suas exigências, a vida cristã,com equilíbrio, conscientes de que somos chamados, através do trabalho e da contemplação da Palavra de Deus, a encontrar Jesus, nosso Mestre. Numa palavra, colocar na nossa mente e no nosso coração o lema de Bento de Núrsia: – “ora et labora”.


*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso

Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

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