Segundo dados oficiais, divulgados pela agência Misna, pelo menos 1.000 jovens – incluindo mulheres – já se alistaram no campo de Béal, na capital centro-africana, e mais de 300 formalizaram a sua inscrição no acampamento dirigido por Bourdas. Alguns testemunhos recolhidos pelas agências internacionais revelam que durante a presidência de François Bozizé a seleção era feita com base na origem étnica, como prioridade para os elementos da etnia Gbaya. Nessa altura, o ingresso nas Forças Armadas podia comprar-se por 13 dólares (cerca de 10 euros).
O recrutamento iniciado pela coligação rebelde contraria o compromisso assumido pelo Presidente auto-proclamado. Michel Djotodia prometera desarmar os seus efetivos e lançar um programa de desmobilização e reinserção social, para travar os roubos e a violência nas ruas da capital. E os observadores externos temem um novo foco de descontentamento entre os futuros soldados, uma vez que «a Séleka e o Estado centro-africano não têm dinheiro para pagar às tropas».
Com o país paralisado e gravemente danificado pela ofensiva militar que começou em dezembro do ano passado, o ministro da Saúde, Aguide Soumouck, lançou um apelo à solidariedade. «Há uma enorme necessidade de medicamentos para tratar as doenças mais comuns, entre elas a malária, que está a aumentar», disse o governante, assegurando que «o funcionamento dos hospitais de Bangui começará a regularizar-se, assim que o pessoal médico voltar a trabalhar, com o apoio dos parceiros internacionais».
Depois do golpe de Estado, o Comité Internacional da Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras e o Serviço Jesuíta aos Refugiados lançaram um alerta para a emergência humanitária vivida na República Centro-Africana, denunciando o clima de insegurança entre as equipas médicas, por causa dos ataques e assaltos. Além das centenas de feridos, a crise político-militar causou pelo menos 175 mil deslocados internos e 29 mil pessoas refugiaram-se na vizinha República Democrática do Congo.
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