06/04/2013

Rebeldes centro-africanos formam novo exército


«Aceitamos qualquer pessoa, sem distinção de etnia, origem ou religião. Não se trata de desmobilizar os rebeldes, mas de recrutar efetivos para formar um novo exército. Estamos a receber jovens sem trabalho, que corriam perigo de transformar-se em bandidos», explicou o coronel Omar Bourdas, um dos líderes militares e porta-voz da coligação Séléka, que governa a República Centro-Africana, após o golpe de Estado de 24 de março. 

Segundo dados oficiais, divulgados pela agência Misna, pelo menos 1.000 jovens – incluindo mulheres – já se alistaram no campo de Béal, na capital centro-africana, e mais de 300 formalizaram a sua inscrição no acampamento dirigido por Bourdas. Alguns testemunhos recolhidos pelas agências internacionais revelam que durante a presidência de François Bozizé a seleção era feita com base na origem étnica, como prioridade para os elementos da etnia Gbaya. Nessa altura, o ingresso nas Forças Armadas podia comprar-se por 13 dólares (cerca de 10 euros). 

O recrutamento iniciado pela coligação rebelde contraria o compromisso assumido pelo Presidente auto-proclamado. Michel Djotodia prometera desarmar os seus efetivos e lançar um programa de desmobilização e reinserção social, para travar os roubos e a violência nas ruas da capital. E os observadores externos temem um novo foco de descontentamento entre os futuros soldados, uma vez que «a Séleka e o Estado centro-africano não têm dinheiro para pagar às tropas». 

Com o país paralisado e gravemente danificado pela ofensiva militar que começou em dezembro do ano passado, o ministro da Saúde, Aguide Soumouck, lançou um apelo à solidariedade. «Há uma enorme necessidade de medicamentos para tratar as doenças mais comuns, entre elas a malária, que está a aumentar», disse o governante, assegurando que «o funcionamento dos hospitais de Bangui começará a regularizar-se, assim que o pessoal médico voltar a trabalhar, com o apoio dos parceiros internacionais». 

Depois do golpe de Estado, o Comité Internacional da Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras e o Serviço Jesuíta aos Refugiados lançaram um alerta para a emergência humanitária vivida na República Centro-Africana, denunciando o clima de insegurança entre as equipas médicas, por causa dos ataques e assaltos. Além das centenas de feridos, a crise político-militar causou pelo menos 175 mil deslocados internos e 29 mil pessoas refugiaram-se na vizinha República Democrática do Congo.


Fátima Missionária

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