Presume-se que o Taiti começa a ser habitado entre o ano 800 e 300 a. C. Mas como há uma lenda segundo a qual os povos que viviam na América antes de Cristóvão Colombo chegar por aqui vieram da Ásia pelas ilhas do Pacífico e não pelo Estreito de Bering que liga a Sibéria ao Alasca, é bem possível que os povos americanos anteriores a Colombo também sejam um pouco taitianos.
A afirmação talvez seja um pouco exagerada, mas ela de certa forma explica por que os índios, no Brasil, têm uma certa semelhança com os povos orientais e não com os siberianos. A lenda, na verdade, fala de imigrações sucessivas. Como o Pacífico é cheio de ilhas, é bem possível que este povo, partindo do Japão ou da China, tivesse chegado ao Chile depois de passar pela ilha de Páscoa e outras ilhas. Dentre elas o Taiti.
O navegador inglês que descobriu o Taiti em 1767, no entanto, foi o capitão Samuel Wallis. Aquele que primeiro circundou a ilha, porém, foi o explorador francês Louis Antoine de Bougainville.
Impressionado com o que viu em torno dela, Bougainville, quando publicou o livro “Viagem ao Redor do Mundo” em 1771, falou do Taiti como se fosse um pequeno Paraíso chamando a atenção do leitor para o fato de que naquele lugar os homens e as mulheres viviam em completa inocência porque, segundo ele, ainda não tinham sido corrompidos pela civilização. Há até quem diga que foi por causa deste livro de Bougainville que Jean Jacques Rousseau defendeu a ideia do “bom selvagem” em seus livros em contraposição ao civilizado bem nascido e bem tratado mas, no fundo, um devasso perigoso.
As ideias de Rousseau talvez não sejam assim tão verdadeiras mas, se se levar em conta que quando o Capitão James Cook andou no Taiti em 1774, a ilha possuía aproximadamente 122 mil habitantes e, pouco tempo depois, 16 mil apenas (porque a maior parte deles foi dizimada pelos europeus não só nas guerras mas, inclusive, pelas doenças venéreas transmitidas por eles), dá até para acreditar nas utopias de Rousseau.
A personagem que mais difundiu o Taiti, porém, foi Paul Gauguin. Filho de um francês e uma peruana, Gauguin fez sua primeira viagem com apenas um ano. Partiu da França, onde nasceu, para o Peru. Com a morte do pai em pleno mar, morou em Lima durante algum tempo com a mãe. De volta à França, sete anos depois, ingressou na Marinha Mercante e conheceu o mundo todo. Esteve no Brasil, inclusive, em 1871.
Trabalhou, em seguida, na Bolsa de Paris. Com a queda da Bolsa em 1883, quando estava com 35 anos, Gauguin toma uma decisão definitiva: abandonar os negócios e se tornar pintor. Faz, na vida, o que Schlliemann, o descobridor de Troia, fez com a sua. A diferença entre Gauguin e Schlliemann era que este tinha muito dinheiro e Gauguin não tinha nenhum.
Amigo de Vincent Van-Gogh, a quem admirava profundamente, Gauguin se tornou quase um discípulo do amigo. Os quadros que pintava, nessa época, se pareciam muito com os de Van-Gogh e como pretendia se tornar original e independente, abandou a França. Foi para o Taiti.
A primeira vez em que chegou ali ao lado de um outro pintor, ficou apaixonado. Nunca mais, portanto, abandonou aquelas ilhas cuja capital, Papeete, o impressionou profundamente. Passando a conviver com os habitantes do Taiti, Gauguin, de vez em quando retornava para a Europa, mas o lugar onde vivia, de fato, era o Taiti. Foi ali que, finalmente, se libertou de Van-Gogh completamente e passou a produzir os seus melhores quadros.
Localizada na Polinésia, em pleno Oceano Pacífico, para quem procura o Taiti no mapa e não na internet, vai ver que ela não é assim tão fácil de encontrar. Como se trata de uma ilha muito pequena, dificilmente é achada entre a Austrália e o continente americano.
A fama do Taiti no mundo, no entanto, é antiga. Muito mais antiga do que a do Brasil, ainda que o Taiti possua apenas 1036 quilômetros quadrados e o Brasil 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados. O dobro do antigo império romano. Tamanha é a força da arte produzida por Gauguin e as lendas que cercam o Taiti.
Fonte: http://www.oestadoce.com.br
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