Todos querem segurança e paz. Nessa busca, dois movimentos articulados pela internet organizam manifestações em Fortaleza para a próxima quinta-feira (13). O “Fortaleza Apavorada” quer reunir uma multidão em frente ao Palácio da Abolição, a partir das 15h. Na mesma tarde, o Fortaleza da Paz & da Igualdade, nascido no último domingo (9) com uma proposta mais abrangente que apenas garantir segurança pública, convida as pessoas para ato seguido de caminhada. A concentração será às 15h, na Praça da Imprensa. A idéia é fazer uma roda de conversa entre os presentes e seguir até a Assembleia Legislativa, cantando e pedindo paz.
Pelo Fortaleza Apavorada, Jordana São Thiago Melo, explica que grupo surgiu no Facebook a partir da iniciativa de uma amiga, Eliana Braga, que já fazia parte de outro grupo que discutia o tema segurança, porém, sentia falta de ações mais efetivas para cobrar segurança. Com o apoio de amigas, Eliana decidiu organizar outro movimento. A ela se juntou Mariana Posses, que sugeriu a abertura de um novo grupo com a finalidade de, além de debater o tema, organizar pessoas para fazer uma manifestação e cobrar providências já. Mais pessoas foram se aproximando “através de amizades ou fatos relacionados ao tema da violência, que as fizeram trabalhar motivadas pelo mesmo objetivo de romper com o estado epidêmico de segurança que estamos vivendo”, comentou Jordana, que modera com a amigas, a página do movimento no Facebook.
Violência em Fortaleza
Para Jordana, o sentimento entre os integrantes do movimento com a violência em Fortaleza é de revolta, principalmente, com a falta de humildade de assumir que algo deu errado nos planos que do Governo tinha para ter o controle da situação. “É não dar respostas à sociedade. Vender a imagem de Fortaleza como um belo destino turístico nos afronta. É assistir estratégias de guerra para maquiar a cidade para uma Copa e não tratar com respeito e seriedade o drama vivido por cidadãos que vivem aqui e pagam impostos.”
Conforme Jordana, o Fortaleza Apavorada é independente. “Não queremos vincular nossa luta e nem a imagem do grupo a nenhum partido político, entidades, categorias de classes, sindicatos ou afins... Somos um grupo de cidadãos comum, lutando por nosso direito básico de cobrar por segurança aos nossos governantes”.
Desafios
Na medida em que a mobilização tomava corpo nas redes sociais, o grupo passou a receber pesadas críticas com relação a ser um movimento apenas de pessoas de classe média e alta. As argumentações contrárias ao Fortaleza Apavorada pontuam que a violência sempre esteve presente na periferia, no entanto, as classes mais elevadas ficavam indiferentes. Jordana pondera que as críticas não são vazias, todavia observou que a classe média tem mais condições para fazer com que a discussão seja ouvida e reverberada. “Infelizmente isso não é uma crítica sem fundamento. O poder maior de mobilizar vem de quem tem contatos para isso. Lamentavelmente, a periferia ainda é pouco ouvida e marginalizada por todos. Quando classes de maior poder aquisitivo se unem, por uma questão de maior possibilidade de articulação, os resultados são mais rápidos”, acredita.
Um desafio do Fortaleza Apavorada, é “estabelecer um diálogo afinado com todos, sem perigo do teor do movimento ser esvaziado por discordâncias individuais”. Mas Jordana diz que está sendo uma rica experiência. “Tem muita gente que escreve no grupo que está aprendendo muito ali. Tem muita gente boa debatendo.” Ela faz um apelo: “Precisamos de apoio para mostrar um movimento diferenciado e único. Feito de famílias, mães, pais, filhos, avós, amigos, profissionais das mais diversas áreas... Enfim, a sociedade como em todo. Famílias cearenses vítimas dessa violência brutal. É disso que precisamos! Que sejamos vistos e ouvidos... Precisamos aparecer! Ter espaço, dar força ao movimento e garantir que as pessoas se sintam tranquilas para comparecerem”
Pauta positiva
O movimento Fortaleza da Paz e da Igualdade nasceu “do desejo de discutir ‘apaziguadamente’ a violência, a educação, a saúde, o lazer e a cultura numa pauta de discussão a curto, médio e longo prazo, bem como levar propostas de ações sociais para nossa Fortaleza.” Criado na manhã do último domingo, por uma educadora o grupo está com pouco mais de 200 integrantes e se expressa coletivamente. “Esse grupo não tem líder, pois a luta é coletiva. Acreditamos no potencial da força coletiva”.
À indagação se não seria o caso de juntarem-se os dois movimentos numa só manifestação no dia 13, o grupo responde: “Queremos sim união das propostas que não são divergentes, mas complementares, mas nosso foco é enfrentar as estruturas da violência. Nosso ideal é unir e não dividir nossa cidade, para tanto estaremos dia 13 de junho, 15h, na Praça da Imprensa e de lá vamos até a Assembléia, às 16h, cantando e espalhando luz e paz, levaremos violão e estaremos de blusa branca simbolizando a paz que queremos.” No final da tarde desta segunda-feira (10) surgiu a proposta de transferir a manifestação para a sexta-feira. Mas a ideia é manter a de quinta e articular uma outra maior.
Nota
No início da noite desta segunda-feira, o Governo do Estado do Ceará divulgou a seguinte nota:
NOTA OFICIAL SOBRE A MANIFESTAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA EM FORTALEZA
Tendo em vista a informação de que um grupo da sociedade civil que se autodenomina “Fortaleza Apavorada” planeja realizar uma manifestação pacifica e apartidária em defesa da paz e do combate à violência em Fortaleza, no próximo dia 13 de junho, o Governo do Estado, através de sua Chefia de Gabinete, gostaria de ponderar à opinião pública que:
1) O Governo vê com muito respeito toda e qualquer expressão de organização democrática e popular que se reúna para reivindicar direitos que lhe cabe garantir;
2) O atual Governo gostaria de prestar contas de que é o que mais investiu e tem investido na Segurança em toda a história do Estado.
Todos são testemunhas de que:
- Nos últimos seis anos, foram contratados por concurso público mais de seis mil policiais, entre civis e militares, o que significa, praticamente, que de cada 2 policiais existentes, um foi contratado pelo atual governo; neste momento, há mais outros mil novos policiais em treinamento;
- Foi providenciado o rearmamento e o reeequipamento das Polícias com o que há de mais moderno em matéria de comunicação, formação e estrutura para a atividade policial;
- Para melhorar a capacitação e o treinamento dos policiais cearenses foi implantada a mais moderna Academia de Polícia do país, com projeto concebido pela Polícia Federal;
- Um dos mais avançados programas de polícia comunitária já criados no Brasil foi implantado no Ceará, com o nome de Ronda do Quarteirão;
- O salário inicial de um soldado da Polícia Militar do Ceará é superior a R$ 3.000,00, o que pode não ser muito, em termos absolutos, mas que para a realidade do Ceará é bastante significativo, tendo em vista sermos um dos Estados mais pobres da Federação;
Apesar de tudo isso, o Governo do Estado tem a consciência e a humildade de reconhecer que alguns crimes cresceram de forma intolerável, reproduzindo entre nós tendência que está ocorrendo em todas as grandes cidades brasileiras, na esteira do tráfico de drogas.
São eles o assalto à mão armada nas regiões de melhor renda e os homicídios nos bairros mais pobres.
Mas é inegável que aconteceram vitórias no combate ao crime. Para exemplificar, quando este governo começou, havia 26 sequestros por ano no Ceará, enquanto que, no último ano, foram apenas dois sequestros, ambos resolvidos com a libertação dos reféns ilesos e a prisão dos bandidos.
Como o assunto Segurança Pública é complexo e delicado, exigindo permanente dedicação, o Governo entende que o novo ciclo de segurança pública que o país pede há de envolver de forma ampla todos os setores da sociedade, razão pela qual considera bem-vinda a iniciativa desta fração da sociedade fortalezense.
Lamentavelmente, entretanto, como manifestação da corrupção e do oportunismo que ainda grassam na vida pública brasileira, chegou ao conhecimento deste Gabinete que grupos partidários e marginais de uma milícia que está sendo combatida dentro do organismo policial, pretendem se infiltrar na manifestação com o intuito de provocar violência e gerar repressão que escandalize a opinião pública.
Em vista disso, e para prevenir que pessoas inocentes possam ser feridas ou mesmo sofrer algo mais grave, o Governo do Estado compartilhou tais informações com as autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa, e a elas apelou para que enviassem observadores à manifestação com o objetivo de garantir a tranquilidade e a integridade fisica dos manifestantes.
Informamos ainda, e finalmente, que este mesmo grupo de marginais está sendo investigado por haver manipulado a retirada do ar do Facebook da página do Governador Cid Gomes, do ex-governador Ciro Gomes e do próprio movimento “Fortaleza Apavorada”.
Aproveitamos para pedir aos participantes do movimento que evitem trazer crianças para a manifestação e não aceitem provocações de indivíduos infiltrados.
Fortaleza, 10 de junho de 2013
Danilo Serpa - Chefe do Gabinete do Governador
Mais informações:
Fortaleza Apavorada - https://www.facebook.com/FortalezaApavorada?fref=ts
Fortaleza da Paz & da Igualdade - https://www.facebook.com/events/509256432457705/
Governo do Estado do Ceará - (fone: 85 3466 4000
Boa Notícia
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