A partir de 2014, a vacina contra o papilomavírus (HPV) será oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 10 e 11 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, em anúncio nesta segunda-feira (1º), a vacina estará disponível em cerca de 5 mil postos, entre escolas públicas e particulares (em forma de campanha) e unidades de saúde (de maneira permanente). O Brasil estima que vão ocorrer 17,5 mil novos casos de câncer do colo do útero em 2013, sendo o HPV uma das principais causas.
A meta do governo é atingir 80% das 3,3 milhões de pessoas consideradas público-alvo. Neste primeiro momento, serão disponibilizadas 12 milhões de doses, apenas para meninas. O governo deve gastar R$ 30 por unidade, somando R$ 452,5 milhões. A vacina, que será produzida pelo Instituto Butantã e pela Merck, será administrada em três doses e protegerá contra quatro subtipos de HPV: 6, 11, 16 e 18. Em 70% dos casos de câncer do colo do útero, há vestígio da presença dos subtipos 16 e 18.
"Estamos oferecendo a melhor vacina contra o HPV que existe, usada em 75% dos casos no mundo", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. "Essa é mais uma medida para enfrentarmos um problema de saúde púbica, que é o câncer do colo do útero, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste e em áreas economicamente menos desenvolvidas de outras regiões do país."
A vacinação será feita em meninas de 10 e 11 anos, em intervalos de dois e seis meses entre a segunda e a terceira doses, respectivamente. "Temos de preparar esse público, envolver as meninas e a família, reforçar a orientação, o porquê de a faixa etária ser de 10 a 11 anos, antes do início da atividade sexual", disse Padilha. A administração será feita depois da autorização dos pais.
"A vacina não elimina a necessidade do uso de preservativo e da realização do exame papanicolau. Mesmo protegendo contra a maior proporção dos cânceres, não protege 100%. Essas meninas estarão mais protegidas, mas continuarão realizando o rastreamento [do vírus] com o exame preventivo", disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Em 2012, 11 milhões de exames papanicolau foram realizados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, são registrados, em média, 685,4 mil casos de HPV por ano. O câncer do colo do útero causa 4,8 mil mortes, em média, por ano. Em 2011, foram 5,1 mil óbitos. De janeiro a março de 2013, foram feitas 5,6 mil internações por câncer de colo do útero, com as quais foram gastos R$ 7,6 milhões. O Ministério da Saúde estima que, entre 2011 e 2014, sejam gastos mais de R$ 382 milhões em investimentos na doença.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que haja 291 milhões de mulheres com o vírus no mundo, das quais 32% estão infectadas pelos tipos 16 e 18. Segundo a OMS, estudos mostram que 80% da população feminina sexualmente ativa será infectada.
EK
Revista Época
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