02/07/2013

Rezar pelas Vocações

Côn. Vidigal*



A determinação de Jesus foi clara: “Pedi ao dono da messe que mande operários para a colheita”  (Lc 10,2). Uma questão, porém, se pode levantar: “Porque pedir pelas vocações e, sobretudo, pelas vocações sacerdotais”? Há muitos cristãos que julgam que isto está ultrapassado, julgando, com certa arrogância, que isto é problema de Deus. Outros, se tornam céticos, declarando que após tantos anos de súplicas poucos são os candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa em geral. Concluem que se trata de uma prece sem sentido. Quem aprofunda, contudo, a reflexão sobre a ordem dada por Cristo logo percebe que não se trata de uma mera opção orar para que numerosas sejam as vocações. Quem esclarece esta questão de maneira muito sábia é Santo Agostinho. Na sua Carta a Proba, notável dama romana,  membro da ilustre família dos Probos, ele mostra que Deus sabe o que nos é necessário antes que o peçamos a Ele. Portanto, Ele não quer ser informado do nosso desejo, que Ele não pode, evidentemente, ignorar. O que Ele visa é que nosso anseio se excite pela prece e nós sejamos capazes de acolher o que Ele se dispõe a nos conceder. Em outras palavras, Deus deseja que nos mergulhemos em nosso pedido e recebamos verdadeiramente como um dom o que Ele vai outorgar. Nem sempre se reflete naquilo que São Paulo escreveu aos Efésios, afirmando que Deus foi quem “a alguns constituiu apóstolos; a outros profetas; a outros evangelistas e a outros  pastores e doutores, para tornar os santos aptos a cumprirem o seu ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até chegarmos todos juntamente à unidade da fé,  ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, até alcançarmos a medida da plena estatura de Cristo” (Ef 4,11-13). Hoje, felizmente, se multiplicam aqueles que se dizem jovens leigos consagrados,  irradiando o Evangelho pelo exemplo e pelas orações os quais são o sustentáculo daqueles que lutam na linha de frente para que as almas se salvem vivendo num engajamento total  como acontece com os padres diocesanos ou religiosos ou com as Religiosas das mais diversas Congregações. Tudo isto é um dom de Deus que deve ser insistentemente solicitado. Entretanto a existência dos que são ordenados sacerdotes ou ingressam na vida inteiramente consagrada se trata de uma aventura  espiritual a ser sustentada pela prece dentro da comunhão dos santos. Mais as comunidades cristãs se apaixonam por Cristo, por seu Evangelho e pela urgência da evangelização, mais tais comunidades se deixam possuir pela audácia, pela força e pela convicção de pedir a Deus operários para sua messe. Que se multipliquem os servidores da graça de Deus é um santo, necessário e constante augúrio dos que verdadeiramente desejam que o Reino do Senhor se estenda por toda parte. É necessário que se entre na visão espiritual e evangélica da Igreja. É ptrvido, além de tudo isto, deter atenção ao que Jesus disse  aos setenta e dois discípulos; “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. Cumpre então pensar também que a vocação cristão é a vocação de todos os batizados e, se estes forem autênticos cristãos o número de lobos diminuirá e eles mesmos os bons discípulos de Cristo ajudarão na expansão do Reino de Deus, mesmo porque todo batizado participa do múnus sacerdotal do Filho de Deus. Não há, deste modo, um exclusivismo de preces apenas para os padres, os religiosos e as religiosas. Estes últimos têm um chamado especial, que não elimina a ação apostólica dos demais fiéis. Quanto mais todo cristão penetra fundo no mistério da morte e da ressurreição de Jesus tanto melhor fica o mundo. Deste modo, a oração pelas vocações sacerdotais e religiosas deve incluir também a prece para que haja sempre cristãos autênticos que os auxiliem na implantação do bem nesta terra. São os diversos ministérios na Igreja: o celibato e o casamento, o ministério leigo e o ministério ordenado, os institutos seculares e  os institutos religiosos de vida contemplativa ou de vida apostólica. Eis porque se deve rezar também pela conversão dos que se dizem católicos e não o são na prática. Se todos os católicos fossem realmente fiéis o mundo seria muito diferente. É que na Igreja a vocação de uns sustenta a vocação dos outros. Eis a razão pela qual a prece pelas vocações  é para que a existência na graça  divina em plenitude seja vivida  por todos os cristãos. Aí entra, então, decisivamente a prece pelas vocações sacerdotais e religiosas para que haja aqueles que animam as comunidades e se tornam o fermento na massa, segundo a bela comparação de Cristo. A resposta ao apelo de Jesus deve abrir, alargar, aprofundar a vocação especial daqueles que se consagram a Deus de modo especial, graças às preces recomendadas por Cristo no Evangelho.

 *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
CatolicaNet

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