17/09/2013

Ato em apoio à candidatura de oposição marca Dia da Independência em Honduras

Adital
Foto:REprodução/Reproducción
O Dia da Independência de Honduras em 2013, 15 de setembro, foi marcado por uma marcha que reuniu milhares de pessoas nas ruas da capital Tegucigalpa. A forte adesão popular é sintomática, segundo a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), que reúne cidadãos e cidadãs, os movimentos sociais, de direitos humanos e entidades políticas contrários ao atual governo, da insatisfação generalizada do povo hondurenho depois do golpe militar que, supostamente apoiado pelos Estados Unidos, retirou do poder o então presidente José Manuel Zelaya Rosales, em junho de 2009.

Naquele mesmo ano, em novembro, por meio de uma eleição envolta em suspeitas de fraude, Porfírio Lobo Sosa, do direitista Partido Nacional de Honduras, foi eleito presidente. Dois anos depois, com a assinatura dos Acordos de Cartagena, Zelaya, o presidente deposto, retornou do exílio. De lá para cá, a FNRP conta os dias para a realização de novas eleições, marcadas para o próximo dia 24 de novembro. "O calendário marca 1541 dias de lutas por todas as ruas de Honduras, 69 dias para reescrever a história através do voto massivo a favor de Xiomara Castro de Zelaya”, declara a Frente em comunicado que relata todo o desenrolar da marcha deste domingo, 15.
Xiomara, esposa de José Manuel Zelaya Rosales, do Partido Liberdade e Refundação (Libre), apoiada pela FNRP, aparece como a candidata à Presidência que representa o mais forte contraponto ao regime de Lobo Sosa, que também seria apoiado pelos Estados Unidos. A marcha deste dia 15 teria servido para reforçar a candidatura de Xiomara, cujas bandeiras incluem o fim das violações de direitos humanos. Conforme denúncia de entidades como a Comitê de Familiares de Presos e Desaparecidos de Honduras (Cofadeh, por sua sigla em espanhol), essas violações têm caracterizado a gestão do atual presidente.
O Observatório da Violência de Honduras aponta que, em três anos, de 2009 a 2012, 20,5 mil pessoas morreram de forma violenta no país, perfazendo uma média elevadíssima de 85,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Grave também é que a grande maioria dos assassinatos continua impune, o que favorece o recrudescimento da violência. Os profissionais da imprensa e os camponeses estão entre as vítimas mais visadas, foram mais de 20 jornalistas e 50 camponeses e camponesas assassinados durante o atual governo. A Cofadeh contabilizou, nos últimos anos, 5.418 violações aos direitos humanos,comprovando a existência de padrões de violações reproduzidas sistematicamente: a aplicação de medidas repressivas de maneira generalizada e seletiva - contra pessoas chave e líderes oposicionistas - e a instrumentalização da justiça para favorecer a impunidade.
Foto:Reprodução/Reproducción
A manifestação organizada pela FNRP aconteceu com participação popular acima do esperado apesar da exigência do Ministério da Educação, que teria convocado as escolas de todo o país a participarem da solenidade oficial em homenagem à Independência, realizada no Estádio Nacional. A estimativa é de que participaram do protesto milhares de representantes de cerca de 90 entidades, sindicatos e comunidades.

Carlos Heyes, membro da FNRP, destaca ainda a importância da realização, na última semana, de uma mesa de debates do Foro de São Paulo em Tegucigalpa. "Isso é outra coisa que nos enche de alegria, porque, em nosso país, isso não acontecia antes e o fato de que venham movimentos de esquerda, movimentos de partidos comunistas, movimentos de partidos sociais democratas da América Latina para participar desses eventos é também um triunfo”, ressalta o ativista.
O Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, ao declarar apoio à candidatura de Xiomara, salientou que estará atento ao desenrolar do processo eleitoral em Honduras, exigindo que sejam cumpridas as garantias de um ato democrático que respeite a decisão soberana e livre do povo. O Foro enviará a Honduras uma missão de observadores eleitorais. Criado em 1990, a partir de um seminário internacional realizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro juntamente com o governo cubano, o Foro de São Paulo é uma organização que discute alternativas às políticas neoliberais na América Latina e promove a integração econômica, política e cultural da região.
A candidata o Libre à Presidência, Xiomara Castro de Zelaya, ratificou em seu discurso durante o ato deste dia 15 seu compromisso de colocar fim ao modelo econômico neoliberal dos últimos 30 anos, de mudar a política de segurança e de envolver diretamente as comunidades nessa nova política. "Em meu governo, vamos submeter a um Referendo Revogatório as privatizações e contratos firmados por alianças; vamos recuperar nossas rodovias, pontes, os serviços públicos, a empresa de Energia Elétrica, a Hondutel e a Empresa Portuária”, salientou a candidata, que prometeu ainda revogar todas as leis que violam os direitos dos professores e professoras, camponeses e camponeses e demais trabalhadores e trabalhadoras.

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