20/02/2014

Morte de miss aumenta revolta na Venezuela

Ela tinha sido internada em uma clínica particular com um ferimento na cabeça.
A imagem da miss sendo socorrida por jovens em uma moto percorreu o mundo

Uma miss baleada durante um protesto contra o governo última terça-feira (18) não resistiu ao grave ferimento e morreu um dia depois em Valencia (norte). Pelo menos seis pessoas já morreram durante os protestos que tomam conta do país.

Génesis Carmona, de 21 anos, era Miss Turismo do estado de Carabobo. Ela tinha sido internada em uma clínica particular com um ferimento na cabeça causado por um tiro e chegou a ser submetida a uma cirurgia de emergência. A imagem da miss sendo socorrida por jovens em uma moto percorreu o mundo.

Na terça, um ato de estudantes opositores em Valencia terminou em distúrbios, que, segundo a imprensa local, deixaram pelo menos oito feridos a tiros, entre eles Carmona, depois de um ataque praticado por um grupo de homens armados.

A notícia foi divulgada no momento em que dezenas de opositores e universitários estavam reunidos diante do tribunal de Caracas, onde o líder oposicionista Leopoldo López deveria ser apresentado. López é um dos líderes da ala radical da coalizão antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD).

A audiência de López acabou às 1H45 locais (3H15 de Brasília) ante uma juíz na casa militar de Ramo Verde, informou à AFP o advogado de defesa, Bernardo Púlido.

"Ratificaram a privação da liberdade e apresentaram acusações por danos e incêndios, associação para delinquir e estímulo da violência", disse Púlido, que negou acusações por homicídio como havia sido anunciado inicialmente.

A audiência deveria ter acontecido no Palácio de Justiça, onde os manifestantes e estudantes estavam reunidos para apoiar López.

A MUD convocou para sábado uma passeata em Caracas em apoio a López, que foi levado para Ramo Verde na terça-feira à noite.

Para alguns especialistas, a detenção de López deixa o governo em uma situação complicada. O cientista político Ángel Oropeza, professor da Universidade Simón Bolívar, acredita que López "possivelmente ficará detido por alguns dias."

"Se for libertado rapidamente, será um sinal de fraqueza. Mas se for mantido em detenção por muito tempo, poderão estimular ainda mais os protestos da oposição e sofrerão muito mais pressão internacional", explicou.

A onda de manifestações na Venezuela começou há duas semanas, com protestos de universitários em San Cristóbal (fronteira com a Colômbia) contra a insegurança. As manifestações ganharam força e se estenderam para todo o país, incorporando protestos contra a inflação, o desabastecimento e as detenções de estudantes.
AFP

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