26/09/2014

A verdadeira prática do ´sim´

Quem quer ser feliz é conseqüente com seu 'sim' para assumir valores maiores na vida.
A prática do 'sim' vale mais do que o 'sim' dado de boca para fora.
Por Dom José Alberto Moura*

Jesus fala de dois filhos: um disse 'sim' ao pai, mas não executou o que ele pediu; o outro disse 'não' mas, em seguida, resolveu fazer o pedido do progenitor (Cf. Mateus 21,28-32). Isso acontece muito. Não basta entusiasmar-se e dizer que vai fazer isso de bom. É preciso ter força de vontade o suficiente para realizar o que Deus nos propõe.
Há quem não se interessa muito pelo compromisso de vida com valores maiores, mas logo percebe que vale a pena pautar-se por coordenadas do bem, da justiça e da realização do ideal de vida. Paulo lembra: “Vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outros. Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Filipenses 2, 2-5).
O Divino Mestre afirma que muitos tidos como pecadores (cobradores de impostos e as prostitutas) vão chegar primeiro no céu por se terem convertido, crendo nele (Cf. Mateus 21,31). A prática do 'sim' vale mais do que o 'sim' dado somente de boca para fora. Está na hora de conhecermos quem é de convicção e de luta na prática de promoção do bem e da justiça. Precisamos mais do que nunca de pessoas de “tutano ético e moral” para a condução da política de real benefício comum.
Não basta as pessoas dizerem-se religiosas e até freqüentarem as comunidades de Igreja em certos momentos – principalmente no ano eleitoral, indo até em várias confissões religiosas diferentes – para se apresentarem e fingirem que assumem a fé com o compromisso de serem verdadeiros benfeitores do povo! Não basta as pessoas até serem de religiões e usarem do voto para a busca interesseira de vantagens para si e suas comunidades, no uso fisiológico dos cargos!
A conversão é possível, mas com a sinceridade que leva a pessoa a ser humilde e aceitar rever as próprias atitudes. Deste modo, procura afiná-las com um projeto de vida coadunado com valores de quem tem grandeza de caráter e responsabilidade de servir o próximo e toda a sociedade. Então ela reconhece o chamado de Deus para a utilização de seus dons e 0s coloca a serviço da comunidade. Deus não precisa de nada. Ele só quer uma resposta a seu chamado para fazer-nos solidários com o semelhante e o ajudarmos a crescer em seu potencial de vida digna. O mais beneficiado com a prática do sim a Deus é a própria pessoa, que vai perceber seu valor diante de Deus e dos outros.
As conseqüências das opções das pessoas advêm de forma positiva ou negativa para elas mesmas, de acordo com sua prática ou não do sim para si mesmas, a sociedade e a Deus. Quem quer ser feliz é conseqüente com seu sim para assumir valores maiores na vida. Através do profeta o Criador fala: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida” (Ezequiel 18, 27). Enquanto é tempo faz-se necessário rever-se para se tomar o caminho de elevado sentido à vida!
CNBB, 25-09-2014.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

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