“Devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pelas ruas”, acrescentou, aludindo a um problema particularmente sentido nas Filipinas. O Papa encorajou os presentes a acreditar sempre, mesmo perante as dificuldades e as injustiças, e alertou para os perigos da “mentira”. “O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser ‘moderno’, de ser ‘como todos os outros’. Distrai-nos com a miragem de prazeres efêmeros e passatempos superficiais”, observou. Nesse sentido, lamentou o investimento feito em ‘gadgets’, “em jogos de azar e na bebida”.
“Fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemo-nos de nos centrarmos nas coisas que realmente contam”, acrescentou. A homilia partiu da celebração do ‘Santo Niño’ (Menino Jesus) de Cebu, a imagem cristã mais antiga das Filipinas, ligada à evangelização inicial do arquipélago. Francisco refletiu sobre a importância da “infância espiritual”, no interior de cada pessoa, e da representação de Jesus como uma “criança frágil” que “trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça”. “(Jesus) Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz”, realçou.
O Papa convidou os fiéis a serem como as crianças, com a sua “sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo”. “É por isso que a mensagem do ‘Santo Niño’ é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus”, explicou. No último ato público da visita às Filipinas, iniciada esta quinta-feira após 48 horas no Sri Lanka, o Papa deixou votos de que os habitantes do arquipélago, o maior país católico da Ásia, sejam capazes de “trabalhar unidos, de se proteger mutuamente” a começar pelas famílias e comunidades, “na construção dum mundo de justiça, integridade e paz”. “O Santo Niño continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro”, concluiu.
A celebração, debaixo de chuva, contou com uma leitura lida por uma mulher cega, em braille, e no final da Missa o Papa enviou simbolicamente os fiéis das Filipinas em Missão, com a entrega de uma vela. O arquipélago tem cerca de 100 milhões de habitantes, 80% dos quais são católicos; o recorde de participantes numa celebração pontifícia aconteceu em Manila, durante a Jornada Mundial da Juventude de 1995, presidida por São João Paulo II.
O arcebispo de Manila, cardeal Luis Antonio Tagle, despediu-se do Papa em nome da multidão de hoje e dos últimos dias: “Todos os filipinos querem ir consigo! (risos) Não tenha medo: todos os filipinos quer ir consigo, não para Roma, mas para as periferias”. Francisco voltou a percorrer o local de papamóvel, tal como fizera à chegada, durante largos minutos, vestido com a capa amarela que o tem acompanhado desde este sábado, por causa da chuva. A cerimônia de despedida está marcada para a manhã desta segunda-feira, estando a chegada a Roma prevista para as 17h40, após um voo de 14h30 horas e mais de 10 mil quilômetros.
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