Paulo Coelho |
categoria Todas
A comitiva passou pela rua; soldados fortemente armados levavam um condenado para a forca.
“Este homem não prestava”, comentou um discípulo com Nasrudin. “Uma vez dei-lhe uma moeda de prata para ajudá-lo a levantar-se de novo na vida, e ele não fez nada de importante”.
“Talvez ele não preste, mas pode estar agora caminhando para forca por sua causa”, contestou o mestre.“É possível que tenha utilizado a esmola para comprar um punhal, que terminou usando no crime cometido; então, suas mãos também estão ensangüentadas – porque, ao invés de ajudá-lo com amor e carinho, preferiu dar-lhe uma esmola e livrar-se de sua obrigação”.
“Este homem não prestava”, comentou um discípulo com Nasrudin. “Uma vez dei-lhe uma moeda de prata para ajudá-lo a levantar-se de novo na vida, e ele não fez nada de importante”.
“Talvez ele não preste, mas pode estar agora caminhando para forca por sua causa”, contestou o mestre.“É possível que tenha utilizado a esmola para comprar um punhal, que terminou usando no crime cometido; então, suas mãos também estão ensangüentadas – porque, ao invés de ajudá-lo com amor e carinho, preferiu dar-lhe uma esmola e livrar-se de sua obrigação”.
Evite o reumatismo
qui, 24/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
A centopéia resolveu perguntar ao sábio da floresta, um macaco, qual o melhor remédio para a dor em suas pernas.
“Isto é reumatismo”, disse o macaco, “Você tem pernas demais. Precisava ser assim como eu; com apenas duas, raramente o reumatismo aparece”.
“E como faço para ter apenas duas pernas?”
“Não me amole com detalhes”, respondeu o macaco. “Um sábio apenas dá o melhor conselho; você que resolva o problema”.
“Isto é reumatismo”, disse o macaco, “Você tem pernas demais. Precisava ser assim como eu; com apenas duas, raramente o reumatismo aparece”.
“E como faço para ter apenas duas pernas?”
“Não me amole com detalhes”, respondeu o macaco. “Um sábio apenas dá o melhor conselho; você que resolva o problema”.
A linguagem dos sonhos
qua, 23/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
A Austrália é, basicamente, um vasto deserto central, com cidades na costa. Embora o homem branco tenha encontrado dificuldade em desbravar o interior do país, as tribos primitivas, os aborígines, sempre conseguiram cruzar o país inteiro.
“Somos um povo que acredita em sonhos”, conta Sam Watson, um aborígine. “Os anciãos de certas tribos se reúnem todas as manhãs, e discutem entre si o que sonharam na noite anterior. Só então decidem o melhor caminho a percorrer naquele dia”.
“Nunca ficamos sem água ou comida. Conseguimos, através dos sonhos de nossos feiticeiros, as mesmas coisas que o homem branco consegue com seus satélites e seus complicados aparelhos de medição geológica”.
“Somos um povo que acredita em sonhos”, conta Sam Watson, um aborígine. “Os anciãos de certas tribos se reúnem todas as manhãs, e discutem entre si o que sonharam na noite anterior. Só então decidem o melhor caminho a percorrer naquele dia”.
“Nunca ficamos sem água ou comida. Conseguimos, através dos sonhos de nossos feiticeiros, as mesmas coisas que o homem branco consegue com seus satélites e seus complicados aparelhos de medição geológica”.
Onde começa a arte da paz
ter, 22/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
A arte da paz começa em você; trabalhe para conseguir com que ela permaneça ao seu lado. Todo mundo possui um espírito que pode se aperfeiçoar, um corpo que pode ser treinado, e um caminho a seguir.
Você está aqui para cumprir com estas três metas, e para isso são necessárias duas coisas: manter a tranqüilidade, e praticar a Arte em cada coisa que fizer. Nenhum de nós precisa de dinheiro, poder ou status para praticar a Arte; neste exato momento você está com os seus pés no Paraíso, e deve treinar agora.
Você está aqui para cumprir com estas três metas, e para isso são necessárias duas coisas: manter a tranqüilidade, e praticar a Arte em cada coisa que fizer. Nenhum de nós precisa de dinheiro, poder ou status para praticar a Arte; neste exato momento você está com os seus pés no Paraíso, e deve treinar agora.
A arrogância da força
seg, 21/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
A aldeia estava ameaçada por uma tribo de bárbaros. Os habitantes foram abandonando suas casas, e fugindo para um local mais seguro. No final de um ano, todos haviam partido – exceto um grupo de jesuítas.
O exército bárbaro entrou na cidade sem resistência, e fizeram uma grande festa para comemorar a vitória.
No meio do jantar, um padre apareceu. “Vocês entraram aqui, e afastaram a paz do lugar. Peço, por favor, que partam sem demora”.
“Por que você ainda não fugiu?”, gritou o chefe bárbaro. “Não vê que eu posso atravessá-lo com minha espada, sem piscar um olho?”
O padre respondeu calmamente: “não vê que eu posso ser atravessado por uma espada, sem piscar um olho?”.
Surpreso pela serenidade diante da morte, o chefe bárbaro e sua tribo abandonaram o lugar no dia seguinte.
Sobre o caminho
sáb, 19/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
Às vezes entramos num caminho apenas porque não acreditamos nele.
Então, é fácil: tudo o que temos de fazer é provar que ele não é o nosso caminho.
Entretanto, quando as coisas começam a acontecer e o caminho se revela para nós, temos medo de seguir adiante.
O mestre disse que não entendia por que muitos preferem passar a vida inteira destruindo os caminhos que não desejam percorrer, ao invés de andar pelo único que as conduziria a algum lugar.
Quando começamos o caminho, sempre temos uma ideia mais ou menos definida do que pretendemos encontrar. As mulheres geralmente buscam a outra parte, os homens procuram o poder. Tanto uns como outros não querem aprender: querem chegar até aquilo que estabeleceram como meta.
Mas o caminho da magia – como, em geral, o caminho da vida – é e sempre será o caminho do mistério.
Aprender uma coisa significa entrar em contato com um mundo do qual não se tem a menor ideia. É preciso ser humilde para aprender.
Viver é estar preparado para dizer Adeus
sex, 18/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
“Viver é estar sempre preparado para dizer adeus”, diz um amigo meu, no aeroporto. Caminhamos de um lado para o outro, enquanto aguardo a hora do meu vôo.
“Entretanto”, continua meu amigo, “a Natureza é sábia. Cura a alma da mesma maneira com que cura o corpo”.
“Passamos por três estágios da doença do adeus. O primeiro é a negação: isto não é verdade!.
“Depois vem o desespero, a revolta: era verdade! tal coisa nunca podia acontecer comigo!
“Finalmente, vem a aceitação: bem, era verdade, aconteceu, agora é preciso seguir adiante!”
“Se vivermos cada uma destas etapas, sem vergonha, sem tentar cortar caminho, a Natureza se encarregará de fechar a ferida. Mas ela precisa do mesmo ingrediente que é necessário para curar os males do corpo: tempo”.
“Entretanto”, continua meu amigo, “a Natureza é sábia. Cura a alma da mesma maneira com que cura o corpo”.
“Passamos por três estágios da doença do adeus. O primeiro é a negação: isto não é verdade!.
“Depois vem o desespero, a revolta: era verdade! tal coisa nunca podia acontecer comigo!
“Finalmente, vem a aceitação: bem, era verdade, aconteceu, agora é preciso seguir adiante!”
“Se vivermos cada uma destas etapas, sem vergonha, sem tentar cortar caminho, a Natureza se encarregará de fechar a ferida. Mas ela precisa do mesmo ingrediente que é necessário para curar os males do corpo: tempo”.
Das pedras
qui, 17/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
“Vamos até a montanha onde Deus mora”, comentou um cavaleiro com seu amigo. “Quero provar que Ele só sabe pedir, e nada faz para aliviar nosso fardo”.
“Pois vou para demonstrar minha fé”, disse outro.
Chegaram à noite no alto do monte, e escutaram uma voz na escuridão:
“Encham seus cavalos com as pedras do chão!”
“Viu?”, disse o primeiro cavaleiro. “Depois de tanto subir, ele ainda nos faz carregar com mais peso. Jamais obedecerei!”
O segundo cavaleiro fez o que a voz dizia. Quando terminaram de descer o monte, a aurora chegou, e os primeiros raios de sol iluminaram as pedras que o cavaleiro piedoso havia trazido: eram diamantes puríssimos.
Diz o mestre: as decisões de Deus são misteriosas; mas estão sempre a nosso favor.
Os campos definidos
qua, 16/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
Vai ser a minha participação mais importante no Festival de Escritores em Melbourne, Austrália. São dez da manhã, a plateia está lotada. Serei entrevistado por um escritor local, John Felton.
Piso no palco com a apreensão de sempre. Felton me apresenta, e começa a me fazer perguntas.
Antes que eu possa terminar um raciocínio, ele me interrompe e faz uma nova pergunta. Quando respondo, comenta algo como “esta resposta não foi bem clara”.
Cinco minutos depois, nota-se um mal-estar na plateia – todos estão percebendo que há algo errado.
Lembro-me de Confúcio, e faço a única coisa possível:
“Você gosta do que eu escrevo?”, pergunto.
“Isso não vem ao caso”, responde. “Sou eu a entrevistá-lo, e não o contrário”.
“Vem ao caso, sim. Você não me deixa concluir uma ideia. Confúcio disse: ‘sempre que possível, seja claro’. Vamos seguir este conselho e deixar as coisas claras: você gosta do que escrevo?”
“Não, não gosto. Só li dois livros, e detestei”.
“OK, então podemos continuar”.
Os campos agora estavam definidos. A plateia relaxa, o ambiente enche-se de eletricidade, a entrevista vira um verdadeiro debate, e todos – inclusive Felton – ficam satisfeitos com o resultado.
Coisas deste mundo
ter, 15/11/11
por Paulo Coelho |
categoria Todas
Uma vez, Rab Huna repreendeu seu filho, Rabbah:
“Por que não vás à conferência de Rav Chisda? Dizem que ele fala muito bem”.
“Todas as vezes em que o fiz, Rav Chisda falou apenas das coisas deste mundo: das funções do corpo, dos órgãos, da digestão, e de outras coisas ligadas simplesmente ao físico”.
E o pai disse:
“Rav Chisda fala das coisas criadas por Deus e tu dizes que ele fala de coisas deste mundo? Vás e escute-o!”
Nenhum comentário :
Postar um comentário