12/06/2012

ONGs de lá e de cá

Dom Aldo Pagotto, sss*
Recebi um texto intrigante sobre as ONGs. Compartilho e o reflito com os leitores. Poucas ONGs estrangeiras atuam no semiárido nordestino, comparadas ao grande número das ONGs atuantes na Amazônia. Ora, a seca está vitimando 10 milhões de nordestinos, sujeitos à sede, à subnutrição, às doenças, à migração, enquanto há 350 ONGs estrangeiras “ajudando” cerca de 230 mil índios na região amazônica, que, entanto, não estão sujeitos (ao menos) à fome e à sede. Uma provável explicação dá conta das riquezas imensas que a Amazônia possui, tais como as maiores jazidas de manganês e ferro do mundo, ouro, nióbio, petróleo, diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata, além da maior biodiversidade do planeta. Essa, considerada em particular, gera lucros fabulosos aos laboratórios estrangeiros: cerca de 14 trilhões de dólares.
Comparadas às do Nordeste, nossas riquezas são diferentes. Por tal razão não há ONGs estrangeiras “ajudando” o nosso povo a se desenvolver. Dá muito bem para entender como há muitas ONGs estrangeiras vestindo a camisa de indigenistas e de ambientalistas na Amazônia; bem mais do que em todo o continente africano, que sofre com a fome, a sede, as guerras civis, as epidemias de AIDS e Ebola, os massacres e as minas terrestres. Resta a pergunta: você não acha isso, no mínimo, muito suspeito? Por cálculos de jornalismo investigativo crítico, nos últimos seis anos o governo brasileiro teria repassado mais de R$ 20 bilhões para ONGs e entidades congêneres.
Pergunta-se pela fiscalização, de um lado e de outro, pela qualidade de serviços humanitários prestados. Qual seria a porcentagem que recebem os políticos vinculados às ONGs? Foi comprovada a participação direta de ministros em ONGs, acusados de enriquecimento ilícito e desvio de recursos públicos. Alguns foram afastados dos cargos pela presidente Dilma. De 2002 para cá uma CPI mista realizada pela Controladoria Geral da União e pelo Tribunal de Contas da União descobriu várias irregularidades no repasse de verbas públicas a não poucas ONGs. Muitas delas não conseguiram comprovar a prestação de serviços humanitários. 
Com o objetivo de apurar e comprovar serviços contratados, a presidente Dilma determinou a suspensão temporária de repasses às ONGs e congêneres. Porém, é estranho que no presente ano eleitoral, o governo anunciou a ajuda de R$ 200 milhões às ONGs. A caridade tem seu preço, ora. Quanto a nós, contribuintes, pagamos impostos escorchantes sem retorno suficiente para cuidar da educação e da saúde, questões fundamentais para o nosso desenvolvimento.
*Dom Aldo Pagotto, sss"Arcebispo Metropolitano da Paraíba

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