11/06/2013

Aplicativos de chamada de táxi facilitam a vida de passageiros e motoristas

CLIENTE FIEL A estudante Poline Hervet, de 25 anos. Ela pede táxi pelo celular para sair  na noite carioca.  “É mais fácil e fico mais segura”, diz (Foto: André Valentim/ÉPOCA)São Paulo tem 33 mil táxis, mas há momentos em que todos parecem sumir das ruas. Aconteceu comigo numa quarta-feira chuvosa, há dois meses, no bairro da Vila Olímpia, na Zona Oeste. Para ir embora do aniversário de meu sobrinho, às 21 horas, liguei para um ponto próximo. Ninguém atendeu. Esperei um táxi passar na rua por 15 minutos, e nada. Resolvi enfrentar a chuva à beira da Avenida dos Bandeirantes, mais movimentada. Os poucos que avistei estavam ocupados. Voltei, já molhado, para a casa de festas e liguei para o número de uma cooperativa. Dez minutos se passaram, e a empresa ainda não confirmara se me atenderia. Minha irmã lembrou que instalara um aplicativo para pedir táxis pelo smartphone. Em dez minutos, criei a conta, chamei um motorista e estava dentro do carro. Desde então, virei um freguês fiel.

Não sou novato nesse tipo de tecnologia. Já uso smartphone para reservar passagens de avião, encomendar pratos em restaurantes e comprar bebidas para uma festa. É mais prático e rápido do que telefonar. No caso dos táxis, o novo serviço faz o que a internet sempre fez melhor: coloca a oferta em contato direto com a demanda e elimina o intermediário. O aplicativo descobre a localização do passageiro pelo sinal de GPS do celular. Depois, identifica os motoristas próximos. Os taxistas são avisados do pedido pela internet e o aceitam se quiserem. Outros enviam uma lista de perfis dos motoristas, com seu nome, foto, telefone, proximidade, tipo de carro. Informam, também, se o motorista aceita pagamentos com cartão. O cliente escolhe o que for mais conveniente, espera pouco pelo táxi e não paga a mais por isso, já que o programa é gratuito e não cobra taxa dos passageiros. O motorista amplia sua clientela e roda menos tempo desocupado. É bom para todo mundo.

Cobertura nacional (Foto: reprodução/revista ÉPOCA)
A estudante carioca Poline Hervet, de 25 anos, usa o serviço quando sai à noite com as amigas. “Fico mais segura”, diz Poline. “Sei que o motorista foi avaliado pela empresa.” Há também um histórico de avaliações feitas pelos passageiros, que dão nota depois da corrida. “Quando o taxista sabe que é avaliado, ele atende melhor”, diz o gerente de marketing do aplicativo Taxibeat, Sandro Barretto. O professor Carlos Nepomuceno, de 53 anos, diz que costuma usar táxi de madrugada para ir aos aeroportos e que sentiu a melhora de tratamento. “Era loteria. Já peguei motorista bêbado e outros ignoraram o caminho que pedi. A postura é outra com o aplicativo”, diz.

Esses programas surgiram na Europa e nos Estados Unidos em 2010. Estrearam por aqui há um ano, com a Easytaxi. Seu criador, o carioca Tallis Gomes, de 26 anos, teve a ideia depois de esperar meia hora pelo táxi de uma cooperativa. “Vi uma necessidade que eu podia atender”, diz Gomes. A concorrência cresceu. Há 14 aplicativos, que atendem 56 cidades do país. A secretária brasiliense Daiana Freitas, de 25 anos, experimentou há dois meses. “Uso quando tenho compromissos. Não tenho carro e o transporte público atrasa.”

Não se sabe o número total de clientes ou de taxistas que aderiram aos aplicativos. As empresas mostram resultados animadores. A Taxibeat tem 5.500 taxistas cadastrados no Rio e em São Paulo. Suas corridas mensais vinham dobrando a cada trimestre. Agora dobram mensalmente. A Easytaxi atua em 11 cidades do país e outras 11 no exterior. Tem 22.400 taxistas registrados e 500 mil passageiros no mundo. A Resolveaí tem a maior frota no Brasil, com 10 mil taxistas cadastrados. Faz parcerias com as cooperativas.

INDEPENDENTE Rogério Homem em seu táxi, no Rio. Ele largou a cooperativa para ficar só com o aplicativo.  “Poupo tempo e dinheiro”, afirma (Foto: André Valentim/ÉPOCA)
Conversando com taxistas, percebi que estão gostando da novidade. Sua impressão é que o número de corridas aumentou com os aplicativos. O paulistano Luiz Nesi, de 53 anos, passou a trabalhar de madrugada. “Descobri uma grande demanda nesse período”, afirma. “Rodo menos vazio e gasto menos gasolina.” O carioca Rogério Homem, de 47 anos, foi além. Há dois meses, largou a cooperativa e ficou só com o aplicativo. “Economizo 30%. Antes, pagava R$ 290 por mês à cooperativa, tendo ou não trabalhado. Agora, pago R$ 2 por corrida”, diz. Por causa da nova concorrência, há um rumor de que as cooperativas processarão as empresas de aplicativos, sob o argumento de que elas não seguem os mesmos padrões técnicos nem garantem o atendimento de todas as chamadas. A informação parece não ter fundamento. As empresas de táxi querem que o serviço seja regulamentado e fiscalizado pelas prefeituras, mas dizem que não entrarão na Justiça. Na verdade, discutem aderir à tecnologia com um programa que reúna as frotas das cooperativas em cada cidade. “Não queremos proibir. Os aplicativos são um avanço”, diz o presidente da Associação Brasileira das Associações Civis e Cooperativas de Táxi, Edmilson Americano. “Não podemos ficar parados no tempo.” Nem no tempo nem no trânsito – sobretudo sem passageiros. 

Revista Época

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