Por Daniela Galvão
Repórter Dom Total
Atualmente o país conta com mais de 870 mil inscritos nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ao todo, 796.103 advogados regulares e recadastrados estão espalhados pelas 27 seccionais existentes. Esse número se torna ainda mais expressivo quando a ele somamos os 44.821 estagiários e os 29.201 profissionais que possuem inscrição suplementar. Por isso, além de ter conhecimento jurídico e apresentar diferenciais, o ideal é que os operadores do Direito planejem a carreira durante a graduação.
A psicóloga, especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, mestre em Administração e master coach sênior, Andréa Aguiar, afirma que ao longo do curso o estudante deve começar a identificar qual ramo do Direito está ligado à sua vocação e, a partir daí, explorar junto aos professores as possibilidades de atuação no mercado de trabalho e quais as competências deverão ser desenvolvidas para atuar, especificamente, nesta área.
De acordo com ela, as técnicas que podem ser usadas para ajudar na escolha da carreira são as que possibilitam conhecer mais de si mesmo e da profissão, com o objetivo de mapear habilidades e competências (pontos fortes e pontos de melhoria), identificar novos nichos de mercado (tamanho do mercado, perfil de demanda e rentabilidade, índices de concorrência e oportunidades atuais de relacionamento com pessoas deste segmento) e desenvolver network (criar e manter relacionamentos).
“Em geral, a escolha de uma profissão ou carreira nem sempre é algo que envolve planejamento e que está alinhado com um projeto de vida. A maioria das pessoas ‘escolhe’ sua profissão baseada nas oportunidades do mercado, na tradição familiar ou em habilidades e competências que julga possuir e que acredita estarem alinhadas com profissão escolhida. Nem sempre a tomada de decisão com base nestes fatores irá levar o indivíduo a ter uma vida no trabalho plena de satisfação. Quando nos engajamos em um trabalho que usa nosso talento e alimenta nossa paixão, aí está nossa vocação”.
Habilidades
Andréa Aguiar ressalta que as habilidades profissionais podem se dividir em técnicas, humanas e conceituais. Conforme ela, o conhecimento se refere às habilidades técnicas, ao saber fazer. “De modo geral, os profissionais de carreira jurídica desenvolvem este tipo de habilidade, inicialmente, na sua formação acadêmica e, depois, quando optam por cursos de pós-graduação e qualificação profissional. Acontece que as habilidades técnicas não garantem mais a competitividade e a empregabilidade. Elas são condições necessárias, obrigatórias a qualquer profissional. Nos dias atuais, o que faz com que eles (operadores do Direito) se destaquem da multidão são as habilidades humanas e conceituais”.
Na opinião dela, em qualquer atividade profissional, são raras as pessoas que buscam o desenvolvimento de suas habilidades humanas, que veem de uma busca individual por mais conhecimento de si e dos outros. “No rol das competências humanas, o autoconhecimento e a autoconfiança são determinantes para o sucesso profissional. Destaque também deve ser dado para as habilidades de trabalhar em equipe, conseguir ser comunicar de modo claro e objetivo, ter empatia, aceitar as diferenças, saber ouvir, saber dar e receber feedback, capacidade de relacionamento com o cliente e de liderança, saber administrar conflitos e tomar decisões de modo rápido e criativo”.
Com relação às habilidades conceituais, a psicóloga e master coach diz que os profissionais de carreira jurídica precisam desenvolver pensamento estratégico e sistêmico para os negócios jurídicos. “O advogado moderno deve ter formação multidisciplinar e olhar ampliado para cenários externos, para saber interpretar de que forma pode impactar a estratégia jurídica”.
Mercado
Segundo Andréa Aguiar, o mercado de trabalho sempre está aquecido na área do Direito, porque existem inúmeras possibilidades de atuação. “Ramos como o direito ambiental, mercado de carbono, biodireito, agrobusiness e de tecnologia da informação, que lida com questões relacionadas à internet, direito imobiliário e propriedade intelectual estão em alta. Também tem destaque o direito internacional. Na carreira pública, um nicho em alta é a defensoria pública, voltada para o atendimento da população carente”.
Ela ressalta ainda que as parcerias público-privadas (PPPs), incentivadas pelo governo, aquecem o mercado para os advogados especialistas em contratos públicos. Por sua vez, os escritórios de advocacia estão mais criteriosos na hora de escolher um profissional. “O que as empresas têm exigido para a contratação é que o profissional, além de incontestável saber jurídico, tenha entre suas qualidades a capacidade de gerenciar conflitos e liderar equipes, comunicação assertiva, controle emocional, bem como ferramentas que possibilitem uma melhor performance, como habilidades estratégicas, planejamento de metas e resultados, sem perder de vista a posição ética e a função do advogado na sociedade”.
Outra boa oportunidade de trabalho está nas assessorias jurídicas para micro e pequenas empresas. “Em geral, elas atuam juridicamente desprotegidas, com grande risco de produzir passivos trabalhistas, contratuais, ambientais ou tributários, bem como entraves contratuais capazes de inviabilizar o negócio. Uma assessoria jurídica formal ou preventiva pode evitar perdas financeiras desnecessárias, que comprometem o capital de giro e a capacidade de investimento destas empresas”, comenta.
Andréa Aguiar enfatiza que o mundo do trabalho está em constante transformação, o que acarreta variações no cenário profissional e nas oportunidades para a carreira jurídica. No entanto, ela alerta que, como em qualquer carreira, o profissional de Direito precisa se preparar da melhor forma possível no presente para que as oportunidades sejam bem aproveitadas futuramente.
Diante deste cenário, a psicóloga e master coach frisa que, para se destacar no mercado de trabalho atual, o advogado moderno terá como principais desafios: adaptar-se rapidamente às mudanças; responsabilizar-se com sua própria carreira; saber lidar com pessoas; gerenciar suas emoções; desenvolver mentalidade estratégica; acompanhar a evolução tecnológica; satisfazer o cliente; estipular metas e elaborar um plano de ação; antecipar tendências e criar oportunidades de trabalho.
Redação Dom Total
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